O reconhecimento por parte do Vaticano é uma vitória palestina?
O reconhecimento do Vaticano é uma vitória simbólica dos palestinos. Belém, onde, segundo a tradição, nasceu Jesus Cristo, se localiza na Cisjordânia, reivindicada como parte do futuro Estado palestino. Jerusalém Oriental, onde, segundo a tradição, Jesus foi crucificado, também é reivindicada como parte do futuro Estado palestino.
Quem já reconhece a Palestina como Estado?
Além do Vaticano, 135 países reconhecem a Palestina, incluindo o Brasil. A Palestina também é reconhecida como Estado não membro das Nações Unidas.
Quais os obstáculos para o Estado palestino?
Apesar destas conquistas, há uma série de obstáculos práticos para o Estado ser criado e este depende de negociações com Israel, hoje congeladas. Atualmente, não se sabe qual seria o status final de Jerusalém, como fica a questão dos refugiados palestinos e dos assentamentos judaicos. Para complicar, a Faixa de Gaza é controlada pelo Hamas, uma organização considerada terrorista por boa parte da comunidade internacional.
Qual a estratégia palestina?
Este impasse atual nas negociações, no entanto, tem levado os palestinos a uma nova estratégia internacional unilateral. Primeiro, buscam o isolamento de Israel por meio de campanhas tentando pregar o boicote e sanções aos israelenses ou pelo menos a tudo que seja associado aos assentamentos. Esta campanha, conhecida como BDS, tem conseguido alguns avanços. Em segundo lugar, buscam quebrar a aliança EUA-Israel. Neste caso, também tem conseguido sucessos com os atritos entre o governo Obama e o de Netanyahu. Por último, buscam o reconhecimento internacional tanto em entidades internacionais, como de nações. É nesta parte que se encaixa o Vaticano e onde o avanço palestino tem sido maior.
Por que o reconhecimento é importante para o Vaticano?
Para o Vaticano, há a importância natural de a Palestina ser parte da Terra Santa, junto com Israel. Os cristãos da região, embora minoritários, tendem a ser um dos mais radicais defensores da criação da Palestina e se identificam abertamente como palestinos. Muitos deles são ortodoxos, mas há minorias católicas, maronitas e melquitas, que respeitam a autoridade papal.
E o Papa Francisco?
O Papa Francisco também se envolve, mais uma vez, em uma questão importante na região. Nos últimos meses, tem condenado abertamente os massacres de cristãos assírios pelo ISIS, também conhecido como Grupo Estado Islâmico ou Daesh. E reconheceu o Genocídio Armênio, batendo de frente com a Turquia.