Para começar, a Armênia é uma nação majoritariamente cristã. O Azerbaijão, majoritariamente muçulmano xiita. Mas, curiosamente, as alianças não seguem estas linhas sectárias ou religiosas.
A Armênia conta com o apoio da Rússia e do Irã. Já o Azerbaijão possui boas relações com Israel e Turquia. Inclusive, o Azerbaijão talvez supere os jordanianos e os turcos como principal parceiro israelense no mundo islâmico. A nação azeri seria considerada fundamental para Israel em caso de guerra contra o Irã, que, curiosamente, é majoritariamente xiita como o Azerbaijão.
Os iranianos, porém, historicamente se relacionam bem com os armênios. Ainda há uma proeminente comunidade armênia em Teerã, incluindo um ex-capitão da seleção iraniana de futebol - e, entre iranianos-armênios, temos o pai do tenista André Agassi. Já o Azerbaijão, por ser xiita, sempre teve temor de ambições geopolíticas iranianas e usa Israel para comprar armas e treinamento militar. O Irã não suporta esta ligação entre israelenses e azeris.
A Turquia, por sua vez, nunca tolerou muito uma nação armênia em suas fronteiras. Não podemos esquecer que o Império Otomano cometeu o genocídio armênio durante a Primeira Guerra e muitos dos envolvidos viriam a formar a República Turca anos depois. Além disso, o Azerbaijão e a Turquia possuem muitas relações comerciais e também oleodutos e gasodutos para levar petróleo e gás dos azeris extraído no Mar Cáspio para a Europa.
A Rússia sempre se considerou protetora dos armênios tanto por ter sido parte da União Soviética como também por sua história cristã - um dos motivos, embora não o mais importante, de os russos apoiarem o regime sírio é o fato de muitos cristãos sírios apoiarem Bashar al Assad.
E os EUA? Os americanos mantêm neutralidade neste conflito, embora sejam politicamente mais próximos do Azerbaijão.
Guga Chacra, blogueiro de política internacional do Estadão e comentarista do programa Globo News Em Pauta em Nova York, é mestre em Relações Internacionais pela Universidade Columbia. Já foi correspondente do jornal O Estado de S. Paulo no Oriente Médio e em NY. No passado, trabalhou como correspondente da Folha em Buenos Aires