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De Beirute a Nova York

Qual o problema de ser israelense no Brasil?

A decisão de pedir os nomes de alunos israelenses em uma universidade em Santa Maria não é correta por se tratar de preconceito contra a origem nacional de pessoas. O fato de ter nascido ou não em Israel não torna a pessoa pior ou melhor. Apenas a torna israelense, o que não é um crime.

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Por gustavochacra
Atualização:

Israelenses podem ser judeus, mas também podem ser ateus, podem ser muçulmanos, podem ser drusos e podem ser cristãos. Inclusive, o embaixador de Israel no Brasil é árabe e druso, não judeu, como muitos equivocadamente podem imaginar - aliás, alguns no Brasil associam Israel apenas aos judeus, quando se trata de uma nação multicultural e multireligiosa, de maioria judaica.

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Em Israel, como em outros países do planeta, há médicos, advogados, prostitutas, empresários, desempregados, milionários e jogadores de futebol. Há assassinos e há heróis. Há viúvas e há deficientes físicos. Há chuva e sol. Há praia e montanha. Há cidades modernas, como Tel Aviv, e históricas, como Jerusalém.

Deve-se criticar sim Israel pela ocupação da Cisjordânia. E muitos israelenses criticam diariamente a expansão dos assentamentos nas TVs e jornais do país e nos bate-papos em cafés no Boulevard Rothschild de Tel Aviv. Esta questão deve ser resolvida em um acordo de paz com os palestinos no qual os dois lados vivam em paz e segurança. Os obstáculos, todos nós conhecemos.

Há muito o que se criticar no governo de Benjamin Netanyahu. Assim como há muito o que se criticar no governo Dilma ou no governo Obama. E, tenham certeza, vários israelenses criticam Netanyahu, assim como vários brasileiros criticam Dilma e americanos criticam Obama. Também pode-se discutir ações de Israel no Líbano ou em Gaza, mas este não é o objetivo deste post.

O objetivo é deixar claro que não faz sentido ter uma lista na qual determinadas pessoas sejam tratadas como criminosas por serem de determinada nacionalidade.

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Sim, o Líbano bloqueia a entrada de cidadãos israelenses (e é quase impossível um libanês não ser barrado em Israel). Mas trata-se de um contexto de guerra. Não se pode, de forma alguma, comparar com as relações do Brasil com Israel. Estas duas nações são amigas e até possuem acordos comerciais.

Guga Chacra, comentarista de política internacional do Estadão e do programa Globo News Em Pauta em Nova York, é mestre em Relações Internacionais pela Universidade Columbia. Já foi correspondente do jornal O Estado de S. Paulo no Oriente Médio e em NY. No passado, trabalhou como correspondente da Folha em Buenos Aires

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