Estes grupos, armados por nações árabes do Golfo, pela Turquia e por potências ocidentais, não se diferenciam muito do ISIS, também conhecido como Grupo Estado Islâmico ou Daesh. Na verdade, a principal diferença seria a ausência de uma agenda terrorista global, a não ser pelo Hayet Tahrir al Sham que, por representar a Al Qaeda, também está ligado ao terrorismo internacional. O "califado" do ISIS não é o objetivo final deles, mas querem derrubar Assad e instalar um regime nos moldes da ditadura da Arábia Saudita, onde minorias religiosas são perseguidas e mulheres tratadas como cidadãs de segunda classe.
Cristãos, alauítas, drusos e sunitas moderados são perseguidos por estes grupos rebeldes opositores jihadistas anti-Assad na Síria. Seus membros seguem uma vertente radical do islamismo sunita, difundida por nações do Golfo como a Arábia Saudita. Consideram alauítas hereges e, para completar, aliados dos xiitas do Irã. O mesmo vale para os cristãos e drusos.
Damasco é sede de três patriarcados cristãos - o Grego-Ortodoxo Antioquino, O Grego-Católico (Melquita) e o Siríaco-Ortodoxo. Há também no país armênio-ortodoxos, armênio-católicos e maronitas. Caso os "rebeldes" jihadistas derrubem Assad, não se sabe qual será o fim destes cristãos. Em Aleppo, os cristãos puderam celebrar o Natal e neste fim de semana o Domingo de Ramos, algo que era impensável quando a parte oriental da cidade estava nas mãos dos rebeldes.
Isso não quer dizer que Assad seja bonzinho. Não é. Cometeu crimes contra a humanidade, segundo a ONU. Mas muitos sírios, especialmente cristãos, alauítas, drusos e os sunitas moderados, o toleram porque temem pelo futuro nas mãos dos rebeldes. Infelizmente, opositores sérios e não armados acabam sendo ofuscados por estes jihadistas.
Alguns podem perguntar dos curdos. Estes estão longe dos grandes centros populacionais, sendo concentrados na fronteira com a Turquia e o Iraque. Além disso, mantém boas relações com Assad neste momento, embora tenha havido atrito no passado e possa voltar a haver no futuro. O maior problema para os curdos, especialmente os do YPG, é a Turquia e seus aliados jihadistas. Mas isso será tema de outro post.