1. Terrorismo - Hoje há menos ataques terroristas do que no passado. Uma década atrás, explodiam metrôs em Londres, trens em Madri e boates em Bali. Israel sofria ataques terroristas quase diariamente na Intifada. Os EUA tiveram o 11 de Setembro e Oklahoma. Já os atentados atuais são os lobos solitários com alguma ideologia imbecil, como o supremacista branco de Charleston e os extremistas islâmicos da Charlie Hebdo e da maratona de Boston.
2. Grupos extremistas islâmicos - podem falar do ISIS, também conhecido como Grupo Estado Islâmico ou Daesh. Sem dúvida, uma organização que tem devastado a Síria e o Iraque. Mas, nos anos 1990, o Taleban devastou o Afeganistão e o Grupo Islâmico Armado devastou a Argélia em guerras sanguinárias. Não é novidade. O problema é que muita gente sequer sabe que teve uma guerra civil na Argélia nos há 20 anos na qual centenas de milhares de pessoas morreram.
3. Guerras - Nos anos 1990, com Bill Clinton, era melhor? Será? Bom, Ruanda teve genocídio, com 800 mil mortos (quatro Sírias). Os Balcãs tiveram a Guerra da Bósnia e de Kosovo. E a Tchetchênia teve duas guerras tão sangrentas quanto a da Síria. Sem falar no Saddam Hussein massacrando curdos. E, claro, na Guerra da Argélia citada acima.
4. Intolerância - Sem dúvida aumentou na Síria. Mas diminuiu no Brasil, nos EUA, na Europa e em grande parte do mundo. Basta ver os números no apoio a casamento entre pessoas do mesmo sexo e na redução do racismo. Isso não significa que não exista homofóbicos, racistas e antissemitas. Mas estes agora são corretamente combatidos, o que não ocorria no passado.
5. Extremistas de direita - Citam exemplos da FN na França, do UKIP no Reino Unido e de facções do Tea Party nos EUA. Sem dúvida, são grupos que cresceram. Mas, com todos os seus defeitos, estes partidos não chegam perto de agremiações fascistas e nazistas da Europa de décadas atrás e jogam dentro da democracia
6. Extrema esquerda - Falam do risco de uma esquerda que transformaria o Brasil e outros países em comunistas. Bom, neste caso, compare com os anos 1970, quando a União Soviética, segunda maior potência do mundo, queria estabelecer regimes comunistas ao redor do mundo e movimentos revolucionários eram fortes na América Latina e Europa. Hoje Cuba restabelece relações com os EUA recebe comitiva de empresários. Sobrou a Coreia do Norte.
7. Rússia - Para começar, os russos não são mais comunistas. As relações com o Ocidente pioraram se comparado a anos atrás, mas estão longe de serem como na Guerra Fria. Putin não tem a intenção de dominar o mundo e apenas defende seus interesses, que obviamente não são os melhores, nas suas zonas de influência em países da ex-União Soviética.
8. China - Bom, a China hoje tem comércio com o mundo todo e integra a comunidade internacional. Continua sendo uma ditadura, mas obviamente não é como na época da Revolução Cultural.
9. Economia do Brasil - a economia não está no seu pior momento. Claro, no Brasil, talvez estejamos em um dos piores cenários desde 1999 ou mesmo 1992. Mas, convenhamos, é incomparavelmente melhor do que anos 1980 com a hiperinflação. Hoje realmente a inflação anual está acima da meta. Ainda assim, equivale o aumento de preço em um ano equivale a uma quinzena em 1989.
Apesar de tudo isso, temos sim de criticar a situação econômica do Brasil, a ditadura na China, o desrespeito aos direitos humanos na Rússia e na Arábia Saudita, os crimes de guerra em Gaza, o radicalismo de grupos como o ISIS e a intolerância de racistas, homofóbicos, antissemitas e islamofóbicos.
Guga Chacra, comentarista de política internacional do Estadão e do programa Globo News Em Pauta em Nova York, é mestre em Relações Internacionais pela Universidade Columbia. Já foi correspondente do jornal O Estado de S. Paulo no Oriente Médio e em NY. No passado, trabalhou como correspondente da Folha em Buenos Aires
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