A iniciativa do estaleiro de buscar novos parceiros faz parte de sua própria reforma que começou neste ano e que levará outros três para estar concluída. Depois de passar para a história como o palco da luta contra o regime comunista no Leste Europeu nos anos 80, a empresa corria o risco de quebrar se não adotasse uma nova estratégia empresarial. Foi salvo pelos subsídios da União Européia.
No estaleiro de Gdansk, tudo começou em 1980 com uma greve liderada pelo então eletricista desempregado Lech Walesa. Mas os revolucionários ainda tiveram de esperar até 1989 para ver seu movimento dar resultados. Nas primeiras eleições livres, o sindicato Solidariedade, o primeiro independente em todo o bloco comunista, ganhou 99 dos 100 lugares no Parlamento polonês.
20 anos depois, porém, o estaleiro é o espelho da transição de toda a região: 90% dos trabalhadores foram demitidos desde 1989 e a empresa foi comprada por um grupo estrangeiro. O Solidariedade, que tinha 10 milhões de membros, hoje conta com apenas 700 mil. Sem o mercado garantido nos países que faziam parte da União Soviética, a produção do estaleiro desabou. Em 1970, o estaleiro produzia 35 navios por ano. Hoje, são apenas quatro.
Muitos dos líderes sindicais poloneses também não estão mais lá. Nas obras, os trabalhadores são vietnamitas, ucranianos e outros imigrantes.
Um dos poucos sinais de que o local fez parte da história é seu portão. Nas grades ainda estão colocadas as fotos da revolução, uma bandeira da Polônia e outra do sindicato Solidariedade. Não falta ainda uma foto do Papa João Paulo II, nascido na Polônia e que teve um papel fundamental na luta contra o comunismo.
Nostálgico, um dos líderes históricos do Solidariedade, Jerzy Borowczak, confessou: "antes, rezávamos para que o Papa nos ajudasse a acabar com a opressão. Hoje, rezamos para manter nossos empregos".