A mais incrível de todas as relíquias que eu encontrei por enquanto foi a possibilidade de comprar "O Último Suspiro do Comunismo". Poderia parecer nome de filme ou um livro sobre o drama de uma família separada por Stalin. Mas não é. Trata-se de uma latinha. Dentro, ar. Isso mesmo. Os húngaros vendem o que ironicamente dizem ser os últimos momentos do comunismo. Na tampa da lata, a empresa que fabrica o produto alerta que ela não deve ser aberta, já que isso permitiria a "fuga" do suspiro do comunismo. Tudo isso pelo equivalente a 5 euros.
Outra atração pseudo-comunista é o tour que se oferece em Budapeste à bordo de um Trabant. O carro era fabricado na ex-Alemanha Oriental e se tornou uma das poucas opções para a população do Leste Europeu. Claro, com um único problema: um morador da Alemanha Oriental precisava esperar até onze anos na fila para adquirir o carro, ironicamente chamado de "Jaguar de Papel".
O tour não passa de uma farsa. 3 horas dentro de um carro sem qualquer conforto no trânsito quase paulistano de Budapeste. O único ponto positivo é o esforço do guia que tenta reconstituir como eram os anos comunistas em seu país, enquanto Mercedes de última geração, carros japoneses e outros tentam ultrapassar o nosso velho Trabant. A aula surreal de comunismo ao vivo sai por 60 euros.
Nas ruas das capitais do Leste Europeu, pode-se encontrar capacetes soviéticos, emblemas das tropas de Moscou e muitos outros itens supostamente raros. Mas a realidade é que, 20 anos depois da queda do regime, grande parte desses produtos não passa também de uma farsa.
Fala-se que já se vendeu tantas partes do Muro de Berlim que, se todas essas pedrinhas fossem juntadas, o muro daria a volta no planeta...duas vezes.
Mas o que mais impressiona mesmo é a origem de grande parte desses produtos ditos comunistas: a China, claro. A Organização Mundial do Comércio (OMC) prevê que o ano terminará com os chineses ocupando o cargo de maior exportador do planeta, superando americanos e alemães pela primeira vez na historia moderna. Enfim, o século XXI começa simplesmente com a ironia de um estado comunistas ser o maior exportador do mundo, inclusive de produtos avacalhando seu próprio sistema. Isso sim é que é entender o capitalismo.