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É colunista do 'Estadão' e analista de assuntos internacionais. Escreve uma vez por semana.

Opinião|"Um dia, você vai ouvir falar de mim", disse tunisiano antes do massacre

Mohamed Lahouaiej Bouhlel bebia com um conhecido na tarde de quinta-feira. Os dois começaram a discutir, e o homem lhe disse: "Você não vale nada". Ao que Bouhlel respondeu: "Um dia, você vai ouvir falar de mim". Na mesma noite, todos ouviram falar do motorista de 31 anos, nascido na Tunísia, separado, pai de três filhos, e que morava sozinho em um apartamento na periferia leste de Nice. Bouhlel percorreu 2 km do Passeio dos Ingleses, atropelando e disparando contra centenas de pessoas que celebravam o 14 de Julho, a Queda da Bastilha, antes de ser morto a tiros por agentes da Brigada Especializada de Terreno (BST).

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Atualização:

O relato sobre o episódio no bar foi feito à revista L'Express por Wissam, um vizinho de Bouhlel, que disse ser originário do mesmo vilarejo que o autor do massacre: Msaken, no nordeste da Tunísia. "Ele bebia e fumava haxixe", assegurou Wissam. Outros vizinhos confirmaram que Bouhlel não parecia ser um homem religioso, e que andava frequentemente de bermudas. Ele não constava da Lista S, que inclui cerca de 10 mil "radicalizados" que podem vir a cometer atentados terroristas, segundo o Diretório Geral de Segurança Interna (DGSI).

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De acordo com o jornal Nice Matin, Bouhlel era cidadão apenas tunisiano, e não franco-tunisiano, como se noticiou inicialmente. O canal de TV iTélé informou que em março ele foi condenado a seis meses de prisão por causa de uma briga depois de um acidente de carro, mas obteve liberdade condicional. Bouhlel teve outras passagens na polícia por violência, incluindo a mão armada. Na cabine do caminhão que ele usou no ataque havia uma granada com defeito e armas de brinquedo.

Bouhlel trabalhava com um pequeno caminhão de entregas, que mantinha estacionado perto do prédio. Seus vizinhos o descreveram como um homem solitário e silencioso, que não respondia aos cumprimentos dos outros e nunca recebia visitas. Hannan, um dos vizinhos, disse que cruzava todos os dias com ele de bicicleta. "Ele me olhava estranhamente. Ele nos encarava e nos evitava."

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Opinião por Lourival Sant'Anna

É colunista do 'Estadão' e analista de assuntos internacionais

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