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Luzes da cidade

De Olho No Mundo - Edição de 4 de abril

Ouça o De Olho No Mundo ao vivo na Rádio Estadão,  sábado às 19h, domingo às 20 h, 92,9 FM ou on-line aqui, com participação de Roxane Ré, Andrei Netto, Jamil Chade e Lúcia Guimarães.

Por luciaguimaraes
Atualização:

A maior parte do programa deste fim de semana foi dedicada ao acordo histórico entre o Irã e potências internacionais, que pode representar o fim das sanções a Teerã e a interrupção total, por dez anos, do programa iraniano de enriquecimento de urânio. Como informa o correspondente Jamil Chade de Lausanne, Suíça, há inúmeros detalhes a ser acertados antes da assinatura de um tratado final, cujo prazo foi estabelecido para 30 de junho. De Paris, o correspondente Andrei Netto comenta a ambígua relação da França com o Irã, marcada por interesses comerciais confrontados com a realidade do regime autoritário. Jamil Chade conta os bastidores dos dias de negociação em Lausanne, o flagrante da numerosa comitiva de jornalistas iranianos comendo fast-food americana - um sanduíche no hotel das delegações custa mais de US$ 50. Debatemos também o que pode dar errado entre agora e junho, com a oposição dos conservadores americanos, de Israel e Arábia Saudita.

Andrei Netto explicou o significado de dura derrota dos socialistas franceses em eleições de departamentos, com a volta da força política do ex-presidente Nicholas Sarkozy e novas dificuldades para a reeleição do atualmente impopular François Hollande em 2017.

O De Olho No Mundo lembra como a inédita declaração de racionamento de 25% de consumo de água na Califórnia, estado americano com a maior economia do país, é mais do que uma resposta a uma seca recorde em, estimam cientistas, 500 anos. É, em parte, resultado de um legado do homem que governou o Estado de 1959 a 1967, Pat Brown, pai do atual governador, Jerry Brown. Pat Brown instituiu um programa de irrigação que permitiu a explosão da produção agrícola, tornou a California o maior produtor de alimentos dos EUA e aumentou a população de 15 para 39 milhões. A sede da California foi estimulada por um homem e agora é enfrentada por seu filho.

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A comemoração do acordo em Lausanne foi grande nas ruas de Teerã e o discurso de reação deBarack Obama foi excepcionalmente assistido ao vivo. Alguns comentaristas disseram que era como se o país estivesse celebrando uma Copa do Mundo. Décadas de hostilidade entre os Estados Unidos e o país que George W. Bush descreveu como parte do "Eixo do Mal" não separaram iranianos e americanos. O Irã tem uma extensa população jovem, bem educada e mais liberal do que os aiatolás que controlam o país desde 1979.Jamil Chade conta que, no luxuoso Beau-Rivage Palace Hotel de Lausanne, jornalistas iranianos descobriram um piano e ele ouvia repetidamente o mesmo som de uma canção persa popular cujo título se traduz como Sonhos Dourados. Mas a cultura iraniana não ficou isolada dos americanos desde a revolução.

Mohsen Manjoo é um músico iraniano que emigrou para a Califórnia e agora mora no Brooklyn. Namjoo é apelidado de Bob Dylan do Irã (ah, a autorreferência da mídia ocidental). Ele denuncia a repressão do regime, seus críticos se queixam de sua fusão da música clássica persa com gêneros ocidentais. Mas seus fãs prestam atenção especial às letrasde elegância literária que fazem referências ao pessimismo do Irã contemporâneo.

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O bairro do Brooklyn também abriga uma artista que está entre as mais conhecidas representantes da arte contemporânea iraniana no exterior. Shirin Neshat,cujo trabalho já foi visto no Brasil, explora a relação entre a cultura islâmica e códigos sociais, a representação masculina e feminina.