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Peculiaridades da terra que elegeu Donald Trump

Em jantar beneficente, principal republicano no Congresso domina noite com piadas sobre Trump

Ryan tem uma complexa relação com o presidente Trump e sua mudança total de tom, na quinta-feira, não passou despercebida pela mídia americana

Por Redação Internacional
Atualização:

NOVA YORK - Ao fazer o discurso principal do tradicional jantar de caridade Al Smith na noite de quinta-feira, o presidente da Câmara dos Deputados americana, o republicano Paul Ryan, não perdeu tempo em mostrar que a noite seria dedicada a fazer piadas com um presidente que não reage bem a piadas.

"Chega de aplausos", disse ele ao público formado principalmente pela elite política e católica de Nova York. "Vocês estão parecendo o gabinete de Donald Trump quando ele entra na sala."

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Com essa, Ryan iniciou a espirituosa fala de 17 minutos que também incluiu piadas sobre seu Estado natal do Wisconsin, a mídia, a derrota de Hillary Clinton e a interferência russa nas eleições.

Mas seus principais comentários sarcásticos foram mesmo dirigidos a Trump, que há um ano foi o orador do jantar, quando chocou os convidados com suas brincadeiras sobre Hillary, que se tornaram mais cruéis do que engraçadas.

"A verdade é que a imprensa entende mal e nunca registra as grandes conquistas da Casa Branca", disse Ryan, dando a entender que defendia o presidente. "Veja todos os empregos que o presidente já criou. Todos na equipe da Casa Branca!!"

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"Todas as manhãs no meu escritório eu procuro no Twitter para ver que tuítes eu vou fazer de conta que não vi", acrescentou, em uma referência à prática do presidente de postar constantemente nessa rede social. "Todas as tardes, o ex-presidente da Câmara John Boehner me liga, não para me dar conselhos, apenas para rir."

O discurso de Ryan foi o ponto alto do evento, oficialmente chamado Alfred E. Smith Memorial Foundation Dinner, que arrecadou cerca de US$ 3,4 milhões para crianças carentes. Pela primeira vez desde 1945, o jantar não foi realizado no clássico salão art deco do hotel Waldorf Astoria, que está sob restauração. Ele aconteceu a alguns quarteirões dali, no menos glamouroso New York Hilton Midtown.

O cardeal Timothy Dolan, arcebispo de Nova York e anfitrião do evento, e Ryan, conhecido por sua devoção católica, são amigos de longa data. Segundo Dolan, eles têm sido amigos desde 2002, quando se tornou arcebispo de Milwaukee e Ryan era deputado no seu distrito em Wisconsin.

Ryan tem uma complexa relação com o presidente Trump. Ele meio que se deixa levar por uma abordagem tripla: publicamente, apoia o presidente o quanto for possível, publicamente discorda com ele apenas quando é mesmo necessário e tenta ficar fora dos dramas o máximo possível.

Relembre: Melhores frases de Trump e Hillary durante jantar beneficente

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Sua mudança total de tom, na quinta-feira, não passou despercebida pela mídia americana. "Acho que nunca vi tantos liberais nova-iorquinos e CEOs de Wall Street em uma única sala desde minha última visita à Casa Branca", provocou o republicano.

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"Eu sei que no ano passado Donald Trump ofendeu algumas pessoas (nesse jantar). Eu sei que seus comentários, de acordo com os críticos, foram longe demais. Alguns disseram que foi inconveniente para uma figura pública, e disseram que foram até ofensivos. Bem, graças a Deus, ele aprendeu sua lição."

"Agora eu sou o segundo na linha de sucessão, já que Steve Bannon renunciou", provocou Ryan, caso o presidente deixe de ocupar o cargo. Bannon, um ex-conselheiro do presidente que chamou a atenção por exercer forte influência sobre Trump e seu governo, foi removido da função de estrategista-chefe da Casa Branca em agosto. / THE NEW YORK TIMES e WASHINGTON POST

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