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Peculiaridades da terra que elegeu Donald Trump

Repórter de rede evangélica tem privilégios e acesso facilitado a Trump

Boa relação garante ao governo, que costuma atacar imprensa, comunicação direta com seus principais apoiadores

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Por Redação Internacional
Atualização:

Em meio à relação conturbada do presidente americano Donald Trump com a imprensa, o repórter David Brody, correspondente político da rede de TV cristã CBN News (Christian Broadcasting Network), desfruta de um acesso à Casa Branca impensável para a maioria de seus companheiros de profissão.

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O jornalista entrevistou o presidente oito vezes durante a campanha de 2016. Uma semana após a posse, Trump lhe disse que a imprensa era "o partido de oposição". Empregados da Casa Branca, que o repórter frequenta várias vezes por semana, são entrevistados habituais em seu programa.

+'Trump, pare de atacar a imprensa'

"O acesso tem sido fenomenal", disse o evangélico Brody, 53 anos. "Agradeço a Deus por permiti-lo".

Com a boa relação, o governo americano ganha em troca uma linha de comunicação direta com fatia importante de seus apoiadores: os evangélicos conservadores, que compõem grande parte da audiência da CBN News. Mais de 80% dos evangélicos brancos que foram às urnas em 2016 votaram em Trump.

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"É uma forma de controle de agenda", disse Kathleen Hall Jamieson, cofundadora do site FactCheck.org e professora de Comunicação na Universidade da Pensilvânia. Telespectadores de veículos cristãos, disse a especialista, costumam receber informações mais favoráveis a Trump do que as encontradas na imprensa tradicional.

Para o governo, a aproximação é intencional e estratégica. "É uma ótima plataforma," disse em entrevista o ex-porta voz da Casa Branca Sean Spicer. "A CBN News, em particular, tem uma audiência muito grande, que foi bastante ativa nas eleições. Muitas questões por ela abordadas não são de interesse para a imprensa de elite de Washington". A relação tende a se fortalecer com a proximidade das eleições legislativas de 2018.

Visão bíblica. O canal de que faz parte David Brody se dedica a reportar notícias "através de uma visão bíblica do mundo". Três são os temas mais caros de sua cobertura política: Israel, aborto e liberdade religiosa.

O jornalista responde a eventuais críticas ecoando a fala de Sean Spicer. "A versão da imprensa liberal a respeito de temas espinhosos é diferente da minha, baseada em nosso público (da CBN)", disse. "Nossa audiência não quer que eu pergunte sobre a Rússia ou a atriz pornô Stormy Daniels".

Na manhã seguinte a um dos escândalos envolvendo Daniels, Trump abandonou coletiva de imprensa no meio após ser perguntado sobre suposto pagamento de US$ 130 mil para comprar o silêncio da atriz, com quem teria tido um caso em 2006.

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Ao mesmo tempo, em outro ponto da Casa Branca, Brody aguardava uma entrevista exclusiva com o vice-presidente Mike Pence. Na pauta do repórter - era o Dia Nacional da Oração, 3 de maio -, nenhuma pergunta sobre o caso. Queria saber sobre a defesa de leis anti-aborto por parte de Pence, o hábito de preces na Casa Branca e a abertura da embaixada americana em Jerusalém. / NYT

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