WASHINGTON -O governo do presidente americano, Donald Trump, estuda a emissão de dois novos decretos com o objetivo de "preservar empregos americanos", o que pode dificultar ainda mais a entrada de imigrantes nos Estados Unidos. Os textos dos projetos, obtidos pelo jornal Washington Post, pretendem endurecer o procedimento para conceder vistos de trabalho para estrangeiros que trabalham nos EUA.
Também ampliam a possibilidade de deportar imigrantes que já vivem nos EUA, com a alegação de que eles dependem excessivamente de ajuda de programas do governo. Os textos não especificam nacionalidades visadas.
Os esboços dos decretos circulam entre membros do governo, mas ainda não está claro se o presidente decidiu implementá-los com a redação atual. Se adotados sem alterações, os decretos restringirão de maneira significativa todos os tipos de imigração e viagens de estrangeiros para os EUA, aumentando as barreiras impostas na semana passada pela ordem que vetou a entrada de refugiados e cidadãos de sete países de maioria muçulmana do Oriente Médio e Norte da África.
Enquanto o decreto da sexta-feira se concentrava em justificativas de segurança nacional e de antiterrorismo, os esboços em discussão têm foco na promessa de Trump de proteger os trabalhadores americanos da concorrência externa. Membros do governo responsabilizam imigrantes por consumir recursos do governo federal e dizem que eles são responsáveis pelo desemprego.
"Nossas leis de imigração são feitas para proteger os contribuintes americanos e promover um imigrante autossuficiente. Ainda assim, lares chefiados por imigrantes ilegais têm maior probabilidade que os cidadãos americanos de usar benefícios públicos do governo federal", diz o primeiro texto, que não apresenta dados que comprovem a afirmação de que os ilegais de fato consomem mais recursos federais em programas de bem-estar social.
Além disso, ainda segundo o texto, o governo procuraria vetar a admissão de qualquer imigrante que possa se tornar um fardo para o Tesouro e buscar meios de determinar se um imigrante pode ser deportado após cinco anos recebendo auxílio do governo.
O segundo decreto pede a eliminação de "ímãs trabalhistas" que, segundo o governo, têm aumentado o índice de imigração para os EUA. O decreto limitaria a concessão de qualquer visto de trabalho para estrangeiros que não se enquadrem no interesse nacional ou violem leis de imigração.
Juntas, as ordens têm como objetivo dar prioridade a cidadãos americanos no mercado de trabalho. Apesar das alegações dos decretos de que o emprego irregular de imigrantes tem um efeito devastador nos empregos e salários dos americano, não há fatos que o corroborem, segundo especialistas.
Economistas que estudam a questão da imigração dizem que o processo é positivo para economia, mesmo quando os recém-chegados não têm formação superior.
"O consenso na literatura econômica é que imigrantes adicionam mais vagas à economia do que eles tiram", disse Alex Nowrasteh, do Instituto Cato, um centro de estudo liberal americano. / WASHINGTON POST