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Ex-gerente do FMI espera que novo governo de Merkel freie 'insensatez' de Trump

Anne Krueger disse acreditar que comunidade internacional, liderada por Berlim, poderá resgatar os Estados Unidos das medidas do republicano; a economista ponderou, no entanto, que até o momento o presidente americano falou mais do que fez

Por Redação Internacional
Atualização:

Jamil Chade,Correspondente / Genebra

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A vitória de Angela Merkel nas eleições na Alemanha abre a possibilidade para que Berlim assuma um papel de "liderança mundial", freando a "insensatez" do governo do presidente americano, Donald Trump, afirmou Anne Krueger, ex-economista chefe do Banco Mundial e ex-gerente-adjunta do FMI.

Uma das pessoas mais influentes das finanças internacionais por anos, a americana deixou claro sua insatisfação com as medidas adotadas pelo governo Trump. "Não acho que seu comportamento é sensato", disse em entrevista à imprensa brasileira durante reuniões em Genebra.

Economista americana Anne Krueger aposta que Alemanha poderá assumir 'liderança mundial' em oposição ao governo de Donald Trump (REUTERS/Yuri Gripas) Foto: Estadão

Sua esperança e apelo são de que a comunidade internacional "resgate" os EUA. "Há uma esperança de que, com a eleição alemã concluída, a Alemanha assuma o papel de liderança", disse. "Esperamos que o resto do mundo continue sensato, mesmo que os EUA não o façam."

Anne lembrou que, em diversas ocasiões ao longo do século 20 os americanos "salvaram" o mundo. "Por anos, os EUA lideraram e, na maioria das vezes, foram em uma boa direção. Nem sempre, é verdade, mas em muitas ocasiões era na boa direção. Agora, não", lamentou.

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"Espero que o resto do mundo reconheça o valor do sistema que foi criado e venha ao socorro dos Estados Unidos dessa vez", disse.

Ao longo de 2017, a Alemanha adotou uma agenda no G-20 para conter as propostas de Trump e reforçou propostas em temas que enfrentavam resistências na Casa Branca, como mudanças climáticas e a abertura comercial.

Em seus primeiros meses de governo, Trump deixou claro que quer rever acordos comerciais dos quais os americanos fazem parte e multiplicou a imposição de taxas e barreiras às importações, principalmente da China. Além disso, anunciou sua intenção de não implementar o Acordo de Paris sobre Mudanças Climáticas e cortou recursos para operações de paz.

Para Anne, porém, sua estratégia comercial não terá o impacto prometido na campanha eleitoral, de "devolver empregos aos americanos". "Ele não protege as indústrias americanas. Seria uma política desastrosa", apontou. "O problema é que isso não quer dizer que ele não a fará."

A ex-número 2 do FMI que por alguns meses chegou a liderar a entidade admite que, por enquanto, as ameaças de Trump tem sido piores do que seus atos. "Até agora, seu 'latido' tem sido mais forte que sua 'mordida'", disse. A Casa Branca ordenou a reavaliação dos acordos comerciais no Nafta e enterrou a ideia de uma abertura para o Pacífico.

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A especialista, ainda assim, se diz esperançosa de que uma "guerra comercial" com a China não seja iniciada. "O comércio continua, as fronteiras estão mais abertas que em qualquer outro momento da história", ponderou.

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