Presidente Donald Trump e sua administração estão envoltos em controvérsias que se recusam a desaparecer. Sua lista de críticos está crescendo. Alguns de seus aliados o estão abandonando. Outros, pedindo seu impeachment. Até mesmo o ex-estrategista da Casa Branca e conselheiro Steve Bannon tem, de acordo com a revista Vanity Fair, dito às pessoas que ele acredita que Trump tem apenas 30% de chance de completar seu mandato.

Com todos esses elementos sobre a mesa, a revista New Yorker publicou um aprofundado artigo sobre as forças políticas e financeiras por trás do vice-presidente, Mike Pence, o homem que poderia suceder Trump caso ele fosse removido do cargo.
Em um perfil publicado na segunda-feira com o título "O Perigo do Presidente Pence", a revista mostra a influência extraordinária que o vice e sua rede de contatos de megadoadores ligados à ultradireita - particularmente os irmãos bilionários Koch - têm tido na agenda de Trump desde a escolha do companheiro de chapa.
A história contém um número de revelações colhidas durante entrevistas com Bannon e outros que orbitam o presidente, assim como várias fontes do governo que falaram sob condição de anonimato oferecendo impressões sobre o relacionamento entre Trump e Pence. O Washington Post destacou três pontos que considerou os principais do artigo:
1 - Trump já zombou das crenças religiosas de Pence e uma vez brincou que ele queria "enforcar" todos os gays.
Pence é um cristão evangélico que faz campanha feroz contra os direitos LGBT e o aborto e mantém um grupo de estudo da Bíblia na Casa Branca. Ele segue a chamada regra de Billy Graham, se recusando a jantar sozinho com outra mulher ou a comparecer a um evento onde alguma bebida com álcool é servida a menos que esteja acompanhado de sua mulher.
Trump, que não compartilha das crenças linha-dura de Pence, em mais de uma ocasião fez piada da religiosidade do vice-presidente e suas visões socialmente conservadoras, de acordo com a New Yorker. Citando fontes anônimas, a reportagem descreve um encontro em que Trump zombou Pence por tentar tornar o ilegal o aborto e fazendo piadas com gays:
"Duas fontes também disseram que Trump provocou Pence sobre suas visões sobre aborto e homossexualidade. Durante uma reunião com um professor de direito, Trump citou a determinação de Pence de derrubar o prerrogativa Roe v. Wade (que legalizou o aborto). O especialista disse que se a Suprema Corte fizesse isso, muitos Estados legalizariam o aborto por conta própria", escreveu a revista. "Viu só?", perguntou Trump a Pence. "Você iria gastar todo esse tempo e energia nisso, e no fim não colocaria fim ao aborto". Quando a conversa passou para os direitos gays, Trump brincou: "Nem pergunte isso, ele (Pence) quer enforcar todos eles!".
Citando Bannon, a New Yorker também afirma que Trump faz algumas perguntas, de forma ridícula, a alguns visitantes da Casa Branca, como "Mike (Pence) fez você rezar?".

2 - Chris Christie alertou ao presidente sobre Michael Flynn. Pence ficou em silêncio, e isso pode ter prejudicado a Casa Branca.
Antes de o governador de New Jersey Chris Christie ter sido substituído por Pence, sem cerimônia, como o chefe da equipe de transição de Trump, Christie alertou a Trump para não dar um alto cargo ao general aposentado Michael Flynn, dizendo que isso seria muito arriscado, segundo a revista. A New Yorker cita uma tensa reunião entre Christie e Ivanka Trump sobre a transição de governo. Inesperadamente, a filha do presidente convidou Flynn e um de seus aliados para a reunião e Christie pareceu chocado: "Senhores, posso ajudá-los?", perguntou Christie. Ivanka, que era membro do conselho executivo do time de transição, anunciou que ela havia convidado eles. O governador tentou tomar o controle da reunião, mas Ivanka continuou, saudando Flynn como um "homem leal" a seu pai e perguntou a ele qual cargo ele gostaria de ter.
Dentro de algumas horas, Christie foi dispensado. Quando Pence o substituiu, diz a revista, "as portas da Casa Branca estavam abertas para Flynn", que foi nomeado conselheiro de segurança nacional alguns dias depois. Pence não pareceu preocupado com o fato de ele ocupar uma posição tão sensível, mesmo depois de ter sido alertado como o general havia falhado em explicar suas conexões com o lobby em favor dos interesses turcos e suspeitas de conexão com os russos.
Em fevereiro, após menos de um mês no cargo, Flynn admitiu ter mentido a Pence sobre uma conversa entre ele e o embaixador russo. O general foi demitido no dia 13 daquele mês.

3 - Bannon preocupado com o fato de Pence se tornar presidente.
"Estou preocupado com o fato de que ele (Pence) possa vir a ser o presidente, controlado pelos Kochs", diz Bannon à revista. A reportagem traz algumas frases do conselheiro, que retornou para seu posto de presidente executivo do site Breitbart News após ser dispensado por Trump em agosto. O fato mais explosivo surgiu em uma seção sobre as profundas conexões entre Pence e os irmãos Koch, que são conhecidos por colocar bilhões de dólares em causas conservadoras e campanhas políticas. De acordo com a revista, a relação de Pence com os irmãos tem sido crucial na sua trajetória política.
Bannon afirmou à revista estar alarmado sobre Pence substituir Trump no Salão Oval. "Estou preocupado com o fato de que ele seria o presidente dos Kochs", disse. O senador democrata Sheldon Whitehouse deu declaração parecida dizendo que "o governo americano seria conduzido pelos irmãos Kochs. E ponto final".
Bannon também discutiu com Pence como ele poderia ajudar a reunir as facções nacionalistas e a ala conservadora do Partido Republicano. Segundo a revista, uma vez que Pence entrou para a chapa republicana, alguns dos amigos bilionários dos Kochs começaram colocar todo seu peso no nome de Trump. Pence é "o cara importante, que dá a liga", disse Bannon. "Sem Pence, você não vence." / WASHINGTON POST
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O vice-presidente americano, Mike Pence, visitou nesta quinta-feira áreas destruídas pela tempestade Harvey. As autoridades calculam em 100 mil o número de moradias afetadas. entre 48 e 75 bilhões de dano