BRUXELAS - O presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, usou o primeiro encontro dos líderes da União Europeia desde as eleições no Reino Unido e o início das negociações do Brexit para sugerir que ainda havia uma chance de o Reino Unido permanecer no bloco europeu. Para isso, Tusk citou partes da letra da música "Imagine" de John Lennon.
"Alguns dos meus amigos britânicos me perguntaram se era possível reverter o Brexit e se eu poderia imaginar um resultado em que o Reino Unido continuasse a fazer parte da UE", afirmou Tusk à imprensa nesta quinta-feira, 22, antes da reunião. "Eu disse a eles: de fato a União Europeia foi construída a partir de sonhos que pareciam impossíveis de alcançar. Então, quem sabe? Você pode dizer que sou um sonhador, mas eu não sou o único", acrescentou o responsável pela coordenação dos 28 líderes europeus, retomando as palavras da famosa canção "Imagine".
Quase um ano após a vitória do Brexit em um referendo, as negociações começaram formalmente na segunda-feira 19 para chegar a um acordo sobre o divórcio.
Nesta primeira rodada, o Reino Unido aceitou o cronograma e as prioridades dos europeus no processo: fatura a pagar por Londres pelos compromissos firmados, direitos dos cidadãos europeus em solo britânico e vice-versa e a fronteira na ilha da Irlanda.
Em relação aos direitos, uma enfraquecida Theresa May, que perdeu a maioria absoluta no Parlamento em eleições antecipadas convocadas com o objetivo de reforçar sua posição, apresenta nesta quinta-feira aos seus pares a oferta britânica. May anunciou que apresentará aos colegas europeus seu plano para proteger os direitos dos cidadãos da UE no Reino Unido quando o processo do Brexit for finalizado no jantar desta quinta.
A ideia da premiê é "garantir que os europeus residindo no Reino Unido tenham seus direitos protegidos após a saída do país do bloco" e "ver protegidos os direitos dos cidadãos britânicos na Europa". Atualmente, 3,6 milhões de cidadãos da UE vivem no Reino Unido e 900 mil britânicos residem no grupo, em sua maioria na Espanha. Além do direito à residência, o plando deve garantir o acesso à educação e à saúde.
Se os prazos forem cumpridos, o Reino Unido se tornará em março de 2019 o primeiro país a abandonar o projeto europeu em seis décadas de existência. /AFP