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Professores buscam conscientizar alunos sobre Holocausto com testemunhos

Curso de verão realizado anualmente pela instituição de ensino Centropa, focada em documentar a vida judaica, busca transmitir as histórias de sobreviventes para gerar interesse pelo assunto

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Por Redação Internacional
Atualização:

VIENA - Transmitir as histórias dos últimos sobreviventes do Holocausto para gerar interesse e conscientizar os alunos sobre o episódio que marcou a trajetória de inúmeras famílias é o objetivo de uma escola de verão para 90 professores de todo o mundo, que começou na semana passada e será realizada até quarta-feira, 13, em Viena, Praga e Berlim.

Mais de 75 anos após o fim da 2ª Guerra, fica cada vez mais difícil fazer os jovens entenderem o alcance do massacre nazista que tirou as vidas de 6 milhões de judeus.

Poloneses se reúnem no domingo, 10, para lembrar os 75 anos do massacre em Jedwabne Foto: AP Photo/Michal Kosc

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"Os alunos veem o tema do Holocausto de longe, mas quando escutam os depoimentos de pessoas e entendem sobre suas vidas, se interessam mais", afirmou em Viena o professor de história José Manuel Marcos, que trabalha em uma instituição pública de Burgos, na Espanha.

O docente espanhol acabou de conhecer vários dos últimos sobreviventes judeus do Holocausto, todos acima dos 85 anos de idade, que contaram suas experiências para que sejam repassadas aos jovens.

"Uma coisa é a história acadêmica, contada nos livros didáticos, que pode ser vista como entediante. Outra coisa são os depoimentos diretos. Isso é o que mais chega aos alunos. Quando se conversa com pessoas que viveram o Holocausto, as histórias são para chorar. Felizmente ainda estão vivos, mas em 15 anos já não poderemos mais falar com eles", comentou o docente.

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A mesma opinião é partilhada por Darwin Rodríguez, professor de história europeia em um instituto de Miami, nos Estados Unidos, que considera "enriquecedora" a troca pessoal com os sobreviventes do genocídio.

O docente, de origem dominicana, disse que, embora seus alunos "não sejam muito interessados" no Holocausto inicialmente, quando ele entra na sala de aula e conta que visitou um antigo campo de concentração e conheceu sobreviventes pessoalmente esse tipo de aprendizado "vale mais que mil computadores ou livros".

A instituição de ensino Centropa, focada em documentar a vida judaica no centro e no sudeste da Europa antes e depois do Holocausto, organiza anualmente essas aulas de verão, que estão em sua décima edição.

Em Viena, os participantes visitaram o Museu Judaico, se reuniram com sobreviventes do Holocausto e assistiram a uma conferência com várias ONGs sob o lema "Refugiados antes, refugiados agora: como tornar a história relevante para os estudantes de hoje". Depois, viajaram a Praga para visitar o antigo campo de concentração da cidade de Terezin.

O programa de verão terminará na quarta-feira em Berlim, onde os participantes visitarão o Museu Alemão-Russo e apresentarão seus projetos educativos, elaborados em grupos, sobre a queda do Muro em 1989 ou o fim da 2ª Guerra, entre outros.

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A Centropa, cuja sede fica em Viena, conta com um arquivo de 22 mil imagens digitalizadas e documentos históricos doados por mais de 1,2 mil judeus de 15 países do centro e do sudeste da Europa, armazenados desde o ano 2000.

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"Nós ensinamos histórias pessoais de judeus e perguntamos aos professores americanos suas histórias para compartilhá-las com professores da Polônia ou da Ucrânia, por exemplo", explicou Edward Serotta, fundador e diretor da instituição.

O site da Centropa coloca à disposição dos docentes vídeos, imagens e entrevistas sobre diferentes acontecimentos históricos do século 20 que os professores podem usar em suas aulas. "Não utilizamos o vídeo da entrevista, mas usamos as fotografias familiares para fazer um vídeo sobre a vida dessa pessoa", detalhou Serotta.

Serotta, jornalista, fotógrafo e documentarista americano nascido em 1949, considera que os seminários são uma oportunidade para os professores compartilharem seus melhores métodos e criarem redes de contato entre eles, de trabalharem juntos.

"Tenho a esperança de futuramente manter os contatos que estou fazendo agora e talvez meus alunos possam se comunicar com outros para fazer um intercâmbio entre escolas", resumiu sua experiência Darwin Rodríguez, professor de Miami. / EFE

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