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Relato de um argentino que testemunhou quatro piquetes e dois saques no último dia 20 em Rosário

Por Daniel Omar Perez*

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Por Fernanda Simas
Atualização:

Cruzava de carro a cidade de Rosário, na Argentina, mais ou menos às 14h15,dia 20 de dezembro, para cumprimentar amigos por conta das festasde Natal eAno Novo. Depois de um grande temporal que tinha deixado várias zonas alagadas e sem energia, o sol já estava forte e o céu claro. Ao chegar à avenida de Circunvalación o trânsito começou a se complicar até que parou completamente.

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Quatro pessoas haviam bloqueado a circulação com pneus velhos, galhos e madeiras velhas. Saí imediatamente da avenida por uma rua na contramão e quando cheguei na esquina dei de cara com cinco motos da polícia de trânsito que ignoraram completamente minha contravenção. Estavam menos preocupados comigo que com o caos que estava causando o bloqueio naquela região da cidade. Cheguei a entrar numa favela, mas lá estava tudo tranquilo, havia gente concertando carros outras tomando cerveja.

Retornei à avenida algumas quadras adiante, mas me deparei com a mesma situação, outro bloqueio, dessa vez com seis ou sete pessoas que pararam o trânsito usando o mesmo procedimento: pneus velhos, alguns ferros, galhos e madeiras velhas e deitadas no chão. A polícia isolou um perímetro de 100 metros em torno do piquete.Vários carros tentaram sair da fila que não andava em busca outras alternativas, porém mas a frente havia mais um piquete. Desisti de continuar por essa avenida e busquei outros caminhos e novamente parei em um bloqueio. E dessa vez um pouco mais violento.

No Boulevar Oroño 4000 já havia umas 15 pessoas, seis ou sete delas atacaram um ônibus e um caminhão com pedras e paus, quando esses aparentemente tentaramfurar o piquete. A polícia chegou,isolou a área e os atos de violência cessaram.

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No resto da cidade a vida corria normalmente, alguns estavam preocupados com as consequências das chuvas do dia anterior, outros compravam presentes, ou comemoravam em bares e restaurantes a chegada das festas. Durante a noite vi como dois grupos de umas 10 pessoas tentavam roubar as lojas do bairro e chamavam outras pessoas para entrarem no lugar depois de arrombado. Passada a meia noite voltei a casa depois de visitar meus amigos, já não tinha piquetes, apenas ficava a marca no chão dos pneus queimados. No dia seguinte o sol voltou a aparecer, a temperatura estava mais alta e as pessoas continuavam se preparando para encerrar os trabalhos e esperar em família a celebração das festas.

* Daniel Omar Perez, é filósofo, mora no Brasil e é natural de Rosário, onde passa férias. 

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