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Saiba mais sobre a Carta Democrática Interamericana da OEA

Mecanismo pode ser ativado em caso de alteração ou de ruptura da ordem democrática e constitucional em algum dos membros da Organização dos Estados Americanos

Por Redação Internacional
Atualização:

WASHINGTON - Solicitada pela oposição da Venezuela, a Carta Democrática Interamericana é um mecanismo da Organização de Estados Americanos (OEA) que pode ser ativado em caso de alteração ou de ruptura da ordem democrática e constitucional em algum de seus Estados-membros.

Oposição venezuelana pediu à OEA que invoque a Carta Democrática (Fonte: Carlos Garcia Rawlins/Reuters)  Foto: Estadão

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Democracia

Aprovada por consenso dos 34 países da OEA em 11 de setembro de 2001, a Carta é, "principalmente, um guia para melhorar o funcionamento dos sistemas democráticos", escreveu em seu preâmbulo o então secretário-geral da OEA, César Gaviria, anunciando uma "nova era" no sistema interamericano.

A Carta define os "elementos essenciais" da democracia representativa, entre eles o respeito aos direitos humanos, o estado de direito, eleições livres e periódicas por intermédio do voto universal, da pluralidade de partidos políticos e da separação dos poderes públicos.

Desde sua aprovação, seus elementos mais polêmicos se referem aos mecanismos que o documento estabelece para fortalecer a democracia, ou ainda, para reverter casos de alterações ou de rupturas da ordem constitucional nos países.

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Alteração e ruptura

A Carta prevê várias vias que permitem invocá-la. Segundo o artigo 17, um governo de um país-membro pode recorrer ao secretário-geral ou ao Conselho Permanente para pedir assistência em caso de "risco" para a democracia, ou para seu exercício no poder.

Esse caso aconteceu no Equador em 2005, quando o então presidente interino, Alfredo Palacios, solicitou a intervenção da OEA após a queda do presidente Lucio Gutiérrez.

Já de acordo com o artigo 18, a iniciativa também pode surgir do Conselho Permanente ou do secretário-geral para, com o consentimento do governo afetado, realizar gestões diplomáticas no país.

A pedido de vários países centro-americanos, a OEA interveio na crise institucional vivida na Nicarágua até o final do período de governo do presidente Enrique Bolaños (2002-2007).

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A Carta também prevê cenários de "alteração da ordem constitucional que afete gravemente a ordem democrática" ou de "ruptura da ordem democrática" (artigo 19), nos quais a OEA pode intervir sem o consentimento do governo afetado.

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O caso mais recente de "ruptura" democrática foi em Honduras, após o golpe de Estado contra Manuel Zelaya, em 2009. Uma Assembleia Geral extraordinária do organismo hemisférico convocada pouco depois suspendeu o país por quase dois anos, seguindo o artigo 21 da Carta.

Secretário-geral

Em caso de grave "alteração" da democracia, o artigo 20 faculta ao secretário-geral ou a qualquer país-membro a convocar imediatamente um Conselho Permanente para avaliar a situação. Essa via, sem precedentes nos 15 anos da Carta Interamericana, foi solicitada pela oposição venezuelana ao secretário-geral, Luis Almagro.

Segundo o porta-voz Sergio Jellinek, a diretoria da OEA deve tomar uma decisão nas próximas semanas sobre se promoverá ou não um debate na Organização a respeito do estado da democracia venezuelana.

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Se chegar a essa etapa, o Conselho Permanente poderá decidir, com a aprovação da maioria dos 34 países-membros, a realização de gestões diplomáticas para promover a "normalização da institucionalidade democrática" na Venezuela.

Caso essas gestões fracassem, o Conselho Permanente convocará, com o voto de pelo menos dois terços de seus membros, uma Assembleia Geral Extraordinária de Chanceleres do continente, que pode determinar sanções mais extremas contra o país. Entre elas, está a suspensão da OEA. Para isso, também é necessária uma votação de dois terços dos países. Entra-se em uma "avaliação do tipo político", disse o secretário de Assuntos Jurídicos da OEA, Jean Michel Arrighi.

Segundo o artigo 19 da Carta Democrática, uma alteração grave da democracia, "enquanto persistir, é considerada um "obstáculo insuperável" para a participação do governo nos órgãos da OEA. /AFP

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