Jovem assassinado no Missouri é lembrado em meio a clamores por paz e justiça

Morte de Brown chamou atenção para tensões raciais no país; por mais de duas semanas, Ferguson é palco de manifestações

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Por EDWARD MCALLISTER E NICK CAREY
Atualização:
Milhares de pessoas foram ao funeral de Michael Brown, morto por um policial na cidade de Ferguson Foto: Richard Perry/AP

Familiares e amigos celebraram nesta segunda-feira a vida de Michael Brown, adolescente negro morto por um policial na cidade de Ferguson, no Estado norte-americano do Missouri, em um velório repleto de música e clamores para que ele seja lembrado com paz e mudanças políticas.

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Milhares de pessoas se espremeram na igreja batista onde o serviço foi realizado e do lado de fora, na avenida Dr. Martin Luther King, em St. Louis, um cenário contrastante com as manifestações violentas que abalaram a cidade suburbana depois do assassinato a tiros do jovem de 18 anos desarmado.

A morte de Brown concentrou a atenção nas tensões raciais nos Estados Unidos, e os protestos evocaram a crítica ao uso de equipamento militar, às táticas truculentas da polícia local e à discriminação contra negros nas batidas policiais.

Um júri começou a ouvir testemunhos sobre o tiroteio, e o Departamento de Justiça dos EUA abriu sua própria investigação.

Comentando o caso Brown, o reverendo Al Sharpton, ativista de direitos civis, pediu um inquérito justo e imparcial sobre o assassinato e o fim da brutalidade policial.

"Michael Brown não quer ser lembrado por tumultos”, declarou Sharpton, “mas como aquele que fez os Estados Unidos encararem a maneira como vamos fazer o policiamento no país”.

Mas ele conclamou a comunidade negra a pôr fim aos episódios de violência e saques nas ruas que mancharam o nome de Ferguson.

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“Temos que ficar ultrajados por nosso desrespeito uns pelos outros”, afirmou. “Alguns de nós agem como se a definição de negritude fosse o quão baixo você consegue ir.”

Do lado de fora da igreja, a presença policial era intensa, mas discreta. As autoridades se prepararam para possíveis confrontos entre manifestantes e a polícia, embora estes tenham se reduzido significativamente nos últimos dias.

A multidão repetiu o já familiar “mãos para cima, não atire”, que vem sendo entoado pelos manifestantes nas ruas de Ferguson.

Há diferentes relatos sobre a morte de Brown. A polícia afirma que ele lutou com o policial que o alvejou e matou, mas testemunhas dizem que Brown levantou as mãos e que estava se entregando quando foi atingido várias vezes na cabeça e no peito.

(Reportagem adicional de Carey Gillam)

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