BUENOS AIRES- O chefe de gabinete da Argentina, Jorge Capitanich, disse nesta segunda-feira, 26, que os jornalistas podem trabalhar em segurança no país. Ele deu a declaração depois que o repórter que divulgou a notícia da morte misteriosa do promotor Alberto Nisman fugiu para Israel, afirmando temer pela própria vida sob o governo atual.
No dia 18, Damian Pachter foi o primeiro a relatar que o promotor Alberto Nisman, que investigava o ataque à Associação Mutual Israelita-Argentina (Amia) em 1994 em Buenos Aires, foi encontrado morto em seu apartamento, vítima de um tiro na cabeça. A morte, um dia antes de Nisman testemunhar ao Congresso sobre suas descobertas, abalou a Argentina e desencadeou várias teorias conspiratórias.
A fuga de Pachter, que afirma que seus telefones foram grampeados e que estava sendo seguido, é a mais recente reviravolta no caso. “Na Argentina existe segurança total para que todos os jornalistas realizem sua função em nome da liberdade de expressão”, disse Capitanich, em uma coletiva de imprensa rotineira.
“Com certeza há muita tensão em termos de opiniões, mas com a mais absoluta liberdade de expressão, e não há nenhum tipo de obstáculo para que qualquer repórter expresse o que quer que pense.”
Ao lado do corpo e Nisman, foi encontrada uma pistola calibre 22, além de um cartucho de bala. Os exames não acusaram resquícios de pólvora em suas mãos, enquanto a autópsia demonstrou que o tiro foi disparado a menos de um centímetro da cabeça do promotor.
Ele tinha uma audiência no Congresso no dia seguinte, na qual responderia perguntas sobre sua alegação de que a presidente argentina, Cristina Kirchner, conspirou para atrapalhar o inquérito do atentado. Inicialmente, as autoridades afirmaram que os indícios apontavam que o promotor havia se matado, mas Cristina mais tarde declarou que a morte não foi um suicídio. Ela não disse quem o matou e ninguém foi preso. O governo diz suspeitar de agentes rebelados de seus próprios serviços de segurança.