Colômbia denunciará 'ameaças de guerra' de Chávez à ONU

Líder venezuelano volta a subir o tom contra Bogotá e EUA e pede que população se prepare para conflito

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Por Redação
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O governo da Colômbia anunciou no domingo, 8, que levará as "ameaças de guerra" lançadas pelo presidente venezuelano, Hugo Chávez, perante o Conselho de Segurança da ONU e a Organização dos Estados Americanos (OEA). Em seu programa de TV dominical, Chávez pediu aos líderes militares que estejam "prontos para a guerra" e preparem o povo para "defender a pátria" ante uma agressão. As declarações foram feitas em meio a uma elevada tensão com a vizinha Colômbia por causa de um acordo de cessão de bases colombianas aos EUA.

 

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"A Colômbia não fez nem fará um só gesto de guerra à comunidade internacional, muito menos a países irmãos", diz um comunicado divulgado pela Presidência, acrescentando que o governo "mantém sua disposição ao diálogo franco" para sair da crise com a Venezuela. "O único interesse que nos movimenta é a superação do narcoterrorismo que durante tantos anos maltratou os colombianos", continua o comunicado do governo, insistindo em defender no conflito com o país vizinho "as vias do entendimento e das normas do direito internacional".

 

Chávez voltou a subir o tom na crise com a Colômbia ao falar de se preparar para a guerra perante uma eventual agressão que, na sua opinião, poderia ser incubado nos EUA contra seu país. "Senhor comandante da guarnição militar, batalhões de milícias, vamos treinar. Estudantes revolucionários, trabalhadores, mulheres: todos preparados para defender esta pátria sagrada que se chama Venezuela", disse Chávez em seu programa semanal de rádio e TV Alô, presidente! "Se vivêssemos em um mundo no qual se respeitasse a soberania dos povos e o direito internacional poderíamos nos dedicar a qualquer coisa menos nos preparar para a guerra", acrescentou.

 

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"Estamos dispostos a tudo, mas a Venezuela não será jamais uma colônia ianque nem de ninguém." Chávez destacou que seu país foi "cauteloso" com o triunfo de Obama "e logo percebeu a verdade". Segundo ele, o "império está vivo e mais ameaçador do que nunca". "O governo colombiano transferiu-se para os EUA. Já não está em Bogotá. O governo e a oligarquia colombianos tiraram as máscaras", acrescentou o líder bolivariano.

 

As relações entre a Venezuela e a Colômbia sofreram altos e baixos na última década e vivem nova crise desde julho. Chávez congelou as relações bilaterais após a Colômbia anunciar que pretendia ceder o uso de sete de suas bases aos EUA. A crise diplomática se aprofundou nas duas últimas semanas, quando dois militares venezuelanos foram assassinados no Estado fronteiriço de Táchira por supostos paramilitares. Depois do incidente, a presença militar venezuelana foi reforçada nas fronteiras com a Colômbia e o Brasil, sob o argumento de intensificar as operações contra o narcotráfico e a extração ilegal de minérios.

 

Antes do assassinato dos militares, há duas semanas, dez pessoas que haviam sido sequestradas foram encontradas mortas, também no Estado de Táchira. O governo venezuelano disse na ocasião que se tratavam de "paramilitares colombianos em treinamento" na Venezuela. Neste mesmo período, dois agentes do serviço de inteligência colombiano foram presos em território venezuelano acusados de espionagem - alegação que o governo colombiano nega.

 

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