Comandantes rebeldes se juntam a negociações de paz em Cuba

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Por ROSA TANIA VALDÉS
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O alto-escalão do comando guerrilheiro se juntou nesta sexta-feira às negociações de paz da Colômbia que ocorrem em Cuba, injetando um maior senso de urgência nas conversas que busca encerrar a mais longa guerra da América Latina. As Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) classificaram a presença dos seus principais comandantes como "artilharia política", e eles apareceram ante os repórteres durante a mais recente rodada de negociações com o governo do recém reeleito presidente Juan Manuel Santos. Entre os líderes rebeldes que se juntaram às negociações estão aqueles que atendem pelos nomes de guerra Pastor Alape e Carlos Antonio Lozada, saídos diretamente do campo de batalha para a mesa de negociação. Seus nomes reais são Felix Muñoz e Luis Losada, respectivamente. Mesmo com as negociações em andamento, a guerra tem continuado, com as Farc e as forças de governo se envolvendo em confrontos periódicos. "Esse é o nosso comando guerrilheiro para normalização, que vai explorar caminhos em direção a um acordo com oficiais do Exército, Marinha, Força Aérea e Polícia Nacional", disse Ivan Marquez, comandante rebelde que normalmente representa as Farc nas conversas. "Isso vai nos ajudar a alcançar o armistício que é demandado pelas vítimas e é clamado pelo país", disse Marquez, acompanhado por 18 líderes rebeldes, antes de entrar para reuniões a portas fechadas. Os dois lados têm se reunido em Havana por quase dois anos, em busca pelo fim de um conflito que já matou mais de 200 mil pessoas desde 1964. Os dois lados chegaram a acordo em três dos cinco pontos principais: cooperação para erradicar o tráfico de drogas; reforma agrária; e a participação legal dos rebeldes na política uma vez que um amplo acordo for fechado. Com a maioria do comando dos rebeldes envolvidos, os dois lados vão debater os outros dois pontos principais simultaneamente: reparações para as vítimas da guerra e a mecânica para o encerramento do conflito. Se eles chegarem em acordos em todos os pontos, os dois lados vão entrar em uma sexta e final fase para criar um texto que seria levado a votação para ratificação. Outros membros do comando da FARC que estão participando das reuniões em Cuba são Isaias Trujillo, Rubin Morro, Pacho Chino e Walter Mendoza. Também se encontra em Havana Henry Castellanos Garzón, conhecido como Romana, chefe da ala militar das Farc. Ele é um dos combatentes rebeldes mais procurados por causa de seu envolvimento em sequestros em massa nos anos 1990, quando dezenas de pessoas pagaram milhões de pesos em resgates. O governo colombiano reconheceu que a presença de um maior número de líderes rebeldes iria impulsionar ainda mais as negociações, de acordo com uma fonte próxima à delegação governamental que pediu anonimato, pois somente o líder da delegação, Humberto de la Calle, possuia a permissão para falar com jornalistas. "Temos quase a inteira liderança de alto escalão das guerrilhas aqui em Cuba, tomando as decisões", disse a fonte do governo.

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