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Em meio à crise hondurenha, chega ao fim a campanha eleitoral

Nenhum dos candidatos da disputa deste domingo defendeu a restituição de Zelaya antes da votação

Por Efe
Atualização:

Os principais candidatos à Presidência de Honduras encerraram na segunda-feira, 23, suas campanhas eleitorais para as eleições do fim de semana, entre advertências da comunidade internacional de que alguns países não vão reconhecer os resultados do pleito do próximo domingo enquanto o presidente deposto, Manuel Zelaya, não for restituído ao cargo.

 

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O candidato do Partido Nacional, de oposição, Porfirio Lobo, conclui sua campanha em um estádio de beisebol de Tegucigalpa com uma chamada à reconciliação dos hondurenhos para superar "as diferenças e estarem todos unidos olhar para frente" e com uma rejeição às "imposições" externas. "Não aceitaremos imposições políticas de nenhum tipo e quero ser claro e que me escutem lá no Sul: nem do Sul! E que me escutem no norte: nem do Norte! Somos nós os hondurenhos os que vamos nos levantar como povo", afirmou.

 

A campanha de Lobo, assim como a de seu principal rival Elvin Santos, do Partido Liberal, de Zelaya, foram feitas sob uma apatia generalizada por parte de muitos eleitores. Nenhum dos candidatos defendeu a restituição de Zelaya ainda da votação e dizem que está decisão está nas mãos do Congresso e da Corte Suprema de Justiça. Os candidatos Felicito Ávila, da Democracia Cristã, e Bernard Martínez, do Partido Inovação e Unidade Social-Democrata (PINU-SD), também finalizaram suas campanhas em Tegucigalpa.

 

Cerca de 4,5 milhões de hondurenhos estão inscritos para votar no próximo domingo para escolher o novo presidente, além de deputados e prefeitos, para o período 2010-2014, que começará em 27 de janeiro. A apatia do eleitorado pode contribuir para o alto índice de abstenção no pleito. Na última votação, 45% dos eleitores não participaram. Um canal de TV local mostrou uma pesquisa afirmando que até 60% dos eleitores podem não comparecer às urnas no domingo.

 

A maior parte da comunidade internacional, que não reconhece o governo de fato de Micheletti, advertiu que enquanto Zelaya não voltar à presidência, não aprovará os resultados destas eleições, que contam com o respaldo dos Estados Unidos.

 

"Após uma dura luta e uma disputa contra tudo e contra todos, estamos prontos a exercer o sufrágio", disse Micheletti em mensagem durante uma missa celebrada por ocasião do pleito no santuário de Nossa Senhora de Suyapa, padroeira de Honduras. O presidente de fato reiterou, ainda, seu desejo de que "nenhuma gota de sangue seja derramada por causa deste processo", e pediu aos candidatos que, caso vençam, "jamais tentem se colocar sobre a lei de Deus e a lei do homem".

 

Já o presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya, pediu à Organização dos Estados Americanos (OEA), às Nações Unidas e à União Europeia (UE), além dos presidentes dos países americanos para que não reconheçam as eleições marcadas para o dia 29 de novembro em seu país. "Nestes momentos tão difíceis aos irmãos países das Américas, pedimos sua solidariedade para com Honduras. Que nos acompanhem com base nos fatos pelos senhores conhecidos, revalidando a posição de não apoiar a tentativa unilateral de dar validade a um acordo rescindido em tempo e forma pelas violações consumadas pela ditadura", diz Zelaya em carta distribuída à imprensa.

 

"Essas eleições terão que ser canceladas e remarcadas, respeitando a vontade do soberano", acrescenta o presidente deposto, que está na embaixada do Brasil em Honduras desde o dia 21 de setembro, após voltar clandestinamente a Honduras. Em Washington, o secretário de Estado adjunto dos EUA para o Hemisfério Ocidental, Arturo Valenzuela, afirmou que a decisão de Micheletti de deixar temporariamente o poder deverá facilitar a formação do governo de união nacional em Honduras.

 

Comissões de Micheletti e Zelaya assinaram um acordo em 30 de outubro para tentar resolver a crise política, mas o governante deposto o deu por encerrado por divergências sobre a integração do governo de unidade. Zelaya exige sua restituição ao poder, o que não será possível, pelo menos antes do dia 2 de dezembro, data em que o Congresso do país tomará uma decisão a respeito.

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