Zelaya desiste de dialogar com Micheletti para encerrar crise

Presidente deposto de Honduras volta a acusar governo de facto de não cumprir acordo político e restituí-lo

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Atualização:

O presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya, reafirmou nesta quinta-feira, 12, que desistiu de seguir com as negociações com o presidente do governo de facto, Roberto Micheletti, porque este não esteve disposto a cumprir os acordos alcançados através de organismos multilaterais para superar a crise que afeta esse país. O emissário dos EUA a Honduras, Craig Kelly, deixou Tegucigalpa na quarta sem conseguir fazer que o acordo do dia 30 seja cumprido. Kelly não convenceu o presidente deposto a voltar à mesa de negociações, nem alcançou garantias do governo de facto de que Zelaya será restituído.

 

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Em diálogo com o telejornal colombiano NTN 24, Zelaya disse que, apesar dos avanços conseguidos pela secretária de Estados dos EUA, Hillary Clinton, para aproximar às partes depois do golpe de estado de 28 de junho, Micheletti não cumpriu nada. "O governo golpista nunca esteve disposto a cumprir nem o diálogo, nem o acordo, nem as iniciativas da OEA, nem da Organização das Nações Unidas", disse Zelaya da embaixada do Brasil em Honduras.

 

O líder deposto explicou que não está disposto a dialogar com pessoas que transgrediram a lei e lembrou que após os acordos o regime golpista começou a pedir primeiro "a metade do governo e depois o contracheque". Explicou que não seria possível que, no final, o encarregado de dirigir a "reconciliação nacional" fosse o próprio Micheletti, que chegou ao poder por um golpe de estado.

 

Zelaya indicou que o que ocorreu em Honduras serve para que a América Latina e Estados Unidos aprendam a lição que "não se dialoga com terroristas que dão golpes de Estado".

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Em nome dos hondurenhos, Zelaya agradeceu o apoio da comunidade internacional após sua saída abrupta do poder. Segundo ele, atualmente cerca de 20 pessoas o acompanham na embaixada do Brasil, entre os quais advogados e um sacerdote salvadorenho. "São pessoas de inteira confiança (as que me acompanham e) que estão prestando um serviço à pátria e à democracia", indicou Zelaya.

 

Ele acrescentou que sua amizade com o presidente venezuelano, Hugo Chávez, é a mesma que tem com outros líderes da região e do mundo, ao mesmo tempo em que lembrou que por convicção buscou aproximação com Cuba. Reiterou que ao longo de sua vida sempre atuou dentro da lei e que não cometeu nenhum delito nem como cidadão comum nem como presidente de Honduras.

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