O presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya, afirmou nesta segunda-feira, 30, que não aceitará sua restituição ao cargo para legalizar as eleições de domingo, 29, e insistiu que a abstenção superou 60%.
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"Nem restituição para legitimar o golpe, nem para avalizar um processo que é totalmente ilegal", ressaltou Zelaya em declarações à Rádio Globo, de Honduras, após as eleições gerais realizadas no domingo e que deram o triunfo ao opositor Porfirio Lobo.
"Nem a restituição sob as condições de legalizar esta fraude eleitoral pode ser aceita por alguém que luta pelos princípios", acrescentou.
O presidente, destituído em 28 de junho e desde setembro na embaixada do Brasil em Tegucigalpa, reiterou suas denúncias de que a abstenção superou 60%, percentual quase idêntico de participação que apontam as autoridades eleitorais hondurenhas.
Conforme o Tribunal Supremo Eleitoral (TSE), a participação nas eleições foi de 61,3%, com 1.716.027 votos sobre um total de 2.598.600 eleitores recenseados nas 8.662 mesas que puderam ser computadas e que representam 56,7% do total de 15.260 mesas eleitorais.
O censo eleitoral total é de 4,6 milhões de eleitores, dos quais, pouco mais de 1 milhão moram no exterior e habitualmente não participam do pleito, por isso que o "censo ativo" é menor.
Para Zelaya, no entanto, mesmo com esse ajuste os técnicos do TSE cometeram um "grave erro" porque "se 1,7 milhão de votos correspondem a 61,7% quantos iriam corresponder a 100%? Por esse percentual seriam necessários 2,8 milhões de votos", disse.
"Eu me encarrego de buscar os dados de Prefeitura em Prefeitura", disse, ao ressaltar que "todo o povo sabe que as votações foram menores e eles dizem que há 600 mil votos a mais na votação".
Zelaya insistiu em que o pleito ocorreu em uma Honduras "aterrorizada" e sem "liberdade para expressar-se" pela presença de militares em todo o país, e disse que a revisão dos votos vai demonstrar que as eleições têm um "vício de fraude, de ilegalidade, de origem".
"Não me rendo embora tenham me ameaçado, embora queiram me humilhar porque estou defendendo uma causa, que é a causa do povo de Honduras", assinalou.