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Em resposta aos supremacistas brancos, californianos vão às ruas e interditam rodovia

Oakland, San Francisco, Los Angeles e San Diego registraram manifestações contra ultranacionalistas e racistas

Atualização:

Dezenas de pessoas saíram às ruas em várias cidades da Califórnia na noite deste sábado, 12, para protestar contra os nacionalistas brancos, após os casos de violência que surgiram em Charlottesville, no Estado da Virgínia.

Em Oakland, ativistas escutaram discursos e logo marcharam pacificamente, entoando palavras de ordem e carregando cartazes e bandeiras. Alguns dos manifestantes bloquearam a rodovia Interestadual 580 antes de serem dispersados, conforme informou o jornal San Francisco Chronicle. Um dos participantes carregava um cartaz em que dizia: "Lamentamos pelo que são: supremacistas brancos". 

Em resposta aos atos supremacistas brancos em Charlottesville, na Virgínia, manifestantes antirracismo foram às ruas em Oakland (foto) e outras cidades da Califórnia Foto: Stephen Lam/ Reuters

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Em Los Angeles, houve uma marcha contra os neofascistas, que foi menor, mas pacífica. Também aconteceram reuniões noturnas em San Francisco e em El Cajon, no condado de San Diego. 

Os encontros, um tanto improvisados, foram em resposta aos acontecimentos de horas antes em Charlottesville, onde participantes de uma marcha de supremacistas brancos entrou em conflito com ativistas antirracismo. Uma mulher de 32 anos morreu e outras 19 pessoas ficaram feridas após James Alex Fields Jr., branco, de 20 anos, do Estado de Ohio, jogar seu carro contra a manifestação em favor dos direitos dos negros e de minorias religiosas. 

Ao todo, foram registradas outras 15 pessoas feridas e as autoridades locais investigam ainda a morte de dois policiais, que estavam em um helicóptero que caiu perto da cidade. Apesar de ligarem essas duas mortes aos protestos, as autoridades não deixaram claro como os dois fatos estavam conectados. 

A Polícia da Virgínia confirmou que o helicóptero pertencia à corporação e os mortos nesse acidente eram os policiais Jay Cullen e Burke M.M. Bates, que davam apoio aos agentes em solo. 

Rodovia Interestadual 580 foi bloqueada por manifestantes antirracismo em Oakland, na noite deste sábado, 12 Foto: Josh Edelson/ AFP

Reações. Em um pronunciamento ambíguo, no qual não mencionou supremacistas brancos, o presidente Donald Trump condenou a “flagrante manifestação de ódio, intolerância e violência de muitos lados, de muitos lados”. 

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Trump também expressou mensagens de união e inclusão: “Não importa nossa cor, fé, religião ou partido político, nós somos todos americanos em primeiro lugar”. Mas relativizou o primeiro grande choque racial de sua gestão: “Isso está ocorrendo há muito tempo em nosso país. Não é Donald Trump, não é Barack Obama”. Durante o governo de seu antecessor, a maioria dos episódios de tensão foram provocados pela morte de adolescentes ou homens negros desarmados pela polícia. 

A primeira reação de Trump ao que ocorreu em Charlottesville veio no Twitter, às 13h19: “Nós TODOS devemos estar unidos & condenar tudo o que o ódio representa. Não há lugar para esse tipo de violência na América.” Ex-líder da Ku Klux Klan, David Duke respondeu ao presidente às 14:03. “Eu recomendaria que você olhasse bem no espelho e lembrasse que foram os brancos americanos que o colocaram na Presidência, não esquerdistas radicais.”

Em entrevista coletiva horas depois da manifestação o governador da Virgínia, o democrata Terry McAuliffe, fez duro discurso contra a ação promovida pelos nacionalistas da supremacia branca. “Eu tenho uma mensagem a todos os supremacistas brancos e os nazistas que vieram hoje a Charlottesville”, afirmou o governador. “Nossa mensagem é simples e clara: voltem às suas casas. Vocês não são bem vindos nessa bela comunidade”.

O ex-presidente norte-americano Barack Obama também opinou sobre o tema. Pelo Twitter, o democrata citou três frases do ex-presidente sul-africano Nelson Mandela (1918-2013): “Ninguém nasce odiando uma outra pessoa por sua cor de pele ou pelos antecedentes de sua religião. Pessoas precisam aprender a odiar, e se elas podem aprender a odiar, elas também podem ser ensinadas a amar. Porque o amor chega mais naturalmente ao coração humano do que o oposto". / COM INFORMAÇÕES DAS AGÊNCIAS AP E AFP