Apoio à independência da Escócia cai na véspera do referendo

Apoiadores da união destacaram os riscos econômicos de uma separação do Reino Unido

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Por ANGUS MACSWAN E GUY FAULCONBRIDGE
Atualização:
Líderes e apoiadores de ambos os lados foram às ruas nesta quarta-feira para o dia final de campanha na Escócia Foto: Matt Dunham/AP

Na véspera de um referendo histórico na Escócia, pesquisas de opinião mostraram que o apoio pela permanência no Reino Unido estava um pouco à frente do apoio à independência, mas dezenas de milhares de cidadãos ainda estavam indecisos sobre qual lado escolher ao irem às urnas na quinta-feira.

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Líderes e apoiadores de ambos os lados foram às ruas nesta quarta-feira para o dia final de campanha na Escócia, em meio à emoção e esperança, mas também com uma pitada de medo e preocupação.

Os eleitores serão convocados para responder "Sim" ou "Não" à pergunta: “Deve a Escócia ser um país independente?".

Um voto pelo “Sim" encerraria a união de 307 anos com a Inglaterra e levaria à separação do Reino Unido - assim como à incerteza econômica.

Três pesquisas - dos institutos ICM, Opinium e Survation - mostraram que o apoio pela independência estava em 48 por cento, frente a 52 por cento pela união. Eles constataram que 8 a 14 por cento dos 4,3 milhões de eleitores da Escócia ainda não haviam se decidido antes da votação de quinta-feira.

Líderes políticos britânicos prometeram dar maior autonomia à Escócia caso as pessoas decidam permanecer na união. Mas partidários da independência dizem que é hora de o país escolher seus próprios líderes e tomar suas próprias decisões, livres do governo de Londres.

O primeiro-ministro escocês, Alex Salmond, que tem liderado a campanha pela independência, pediu as escoceses: “Acordem na sexta-feira de manhã para o primeiro dia de um país melhor”.

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Em uma carta aberta a eleitores, Salmond disse que o futuro da Escócia estava em suas mãos. Invocando o economista Adman Smith, do século 18, e o maior poeta da Escócia, Robert Burns, ele disse: “Não deixem esta oportunidade escapar de seus dedos. Não nos deixem dizer que não podemos. Vamos fazer isso”.

O primeiro-ministro britânico, David Cameron, disse ao jornal The Times que sempre considerou que a votação seria apertada.

“Qualquer que seja o resultado, nós somos uma democracia. É preciso respeitar a expressão das pessoas nas urnas”, disse a jornal.

Cameron visitou a Escócia duas vezes na última semana para pedir que o país permaneça na “família de nações” do Reino Unido. Mas ele é impopular ao norte da fronteira da Inglaterra, e frequentemente considerado como o ponto máximo de uma esnobe classe alta inglesa.

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A força conquistada pela campanha do “Sim" nas últimas semanas deixou o establishment britânico em pânico. Bancos, empresas e investidores passaram a tentar prever os maus agouros de uma separação da Escócia, incluindo perda de empregos, inflação e êxodo de capital.

Apoiadores da união destacaram os dados oficiais, na quarta-feira, que mostraram que o emprego na Escócia cresceu em 45 mil postos de trabalho no trimestre encerrado em julho, como exemplo dos benefícios do Reino Unido.

“Não votar, ou votar ‘Sim' enviará o seu país para a estrada de alto risco de separação irreversível e desastre econômico”, disse Danny Alexander, escocês e alto funcionário no Ministério das Finanças da Grã-Bretanha.

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(Reportagem adicional de Alistair Smout em Glasgow e Kylie MacLellan em Londres)

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