Bush pretendia invadir Iraque antes mesmo do 11 de setembro

Declarações de britânicos nas investigações sobre entrada do Reino Unido na guerra revelam planos dos EUA

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Por Redação
Atualização:

Participantes das investigações conduzidas pelo Reino Unido sobre o envolvimento deste país na Guerra do Iraque revelaram na terça-feira, 24, que os EUA pretendiam invadir o país do Oriente Médio antes dos ataques ao World Trade Center em 11 de setembro de 2001, segundo o jornal espanhol El País.

 

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Segundo Peter Ricketts, que presidia o Comitê Conjunto de Inteligência britânico, as autoridades do Reino Unido chegaram a redigir um documento que contemplava a destituição do líder iraquiano Saddam Hussein. O ex-oficial, entretanto, disse que "a questão nunca chegou a ser discutida em nível ministerial em Londres por carecer de bases legais".

 

Ainda de acordo com Ricketts, o governo de Tony Blair, então primeiro-ministro britânico, "se distanciou da hipótese de derrubar Hussein no começo de 2001" e "se concentrou no endurecimento de sanções ante os preocupantes indícios de que o iraquiano tentava desenvolver armas de destruição massiva".

 

(Com informações de O Estado de S. Paulo)

O responsável do Foreign Office para o Oriente Médio, William Patey, disse que os "tambores de guerra rufavam em Washington desde 2001", antes mesmo dos ataques de 11 de setembro, depois dos quais os EUA colocaram o Iraque como o principal alvo na guerra contra o terrorismo.

 

Investigações

 

A investigação, que contará com o testemunho de Blair, não estabelecerá responsabilidades civis ou legais, mas pretende esclarecer a decepção dos britânicos com a decisão do governo de apoiar a invasão americana ao Iraque em 2003.

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"Ninguém será julgado aqui. Não podemos determinar culpabilidade ou inocência, só uma corte pode fazer isso", afirmou John Chilcot, presidente da comissão. "No entanto, comprometo-me a não evitar críticas a instituições, processos ou indivíduos quando chegarmos a nosso relatório final."

 

A comissão, indicada pelo premiê Gordon Brown, começou seus trabalhos em julho, mas os primeiros procedimentos ocorreram a portas fechadas. Durante esse período, o comitê recolheu depoimentos de parentes dos 179 soldados britânicos mortos no Iraque.

 

Durante 2010, a comissão, que investiga o período de 2001 até julho (mês em que a Grã-Bretanha retirou seus soldados do Iraque), deve interrogar dezenas de funcionários do governo - entre eles militares e agentes do serviço secreto - antes de apresentar suas conclusões.

 

No entanto, a comissão não tem advogados entre seus integrantes. Por isso, muitos acreditam que a principal pergunta referente à legalidade do conflito continuará sem ser respondida.

 

O depoimento mais esperado é o de Blair, marcado para janeiro. O ex-premiê será questionado sobre se apoiou ou não secretamente o plano dos EUA de invadir o Iraque um ano antes de o Parlamento britânico ter autorizado o envolvimento militar do país na guerra, em 2003. A decisão de Blair de enviar 45 mil soldados ao Iraque fez com que ele batesse recordes de impopularidade e foi um dos principais fatores que causaram a sua saída do governo em 2007.

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