Cenário político fragmentado da Espanha ganha destaque com eleição em Andaluzia

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Por INMACULADA SANZ
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Uma eleição na região de Andaluzia, na Espanha, neste domingo deve ser o primeiro teste real para os dois novos partidos depois de uma profunda crise econômica e política que expôs as fragilidades do sistema bipartidário do país. Com uma eleição geral esperada para o fim do ano, eleições regionais e locais em maio, e uma votação na Catalunha, em setembro, a votação deste domingo vai fornecer a primeira evidência concreta de mudança política, enquanto a recuperação econômica ganha ritmo, deixando milhões de desempregados para trás. Na região ao extremo sul e, em grande parte, agrícola da Espanha, cerca de 6,5 milhões de andaluzes, um quinto do eleitorado nacional, vão pela primeira vez ter a possibilidade de escolher entre os novos partidos Podemos e Ciudadanos além dos partidos tradicionais. A campanha se concentrou na corrupção dentro do Partido Socialista, que atualmente dirige a administração regional, e do Partido Popular (PP), no governo federal, e na ineficácia de suas políticas para lidar com o aumento da pobreza e da desigualdade. Na Andaluzia, a região mais populosa da Espanha, mais de uma em cada três pessoas está desempregada, acima da média nacional de uma em cada quatro. Os socialistas e o PP têm se concentrado em apontar os supostos perigos de políticos novos e de promessas ao eleitorado que não podem ser cumpridas, bem como na mútua acusação de corrupção. O PP, em particular, tem se esforçado para fazer comparações entre o Podemos e o governo Syriza da Grécia, agora preso em espinhosas negociações sobre o financiamento da zona do euro, tendo prometido combater a pobreza resultante das políticas de austeridade. A Espanha serve como um teste para medir a capacidade da centro-esquerda e da centro-direita de resistir a um aumento anunciado de forças populistas e extremistas, capitalizando os efeitos da crise, com nada menos do que nove países europeus realizando eleições neste ano. A eleição não deve produzir uma maioria clara, segundo as pesquisas, e também vai levar à formação de pactos entre os partidos - outra amostra do que é provável que aconteça em escala nacional até o final do ano.

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