John F. Burns, do New York Times
Apesar dos distúrbios nas ruas de Atenas e do tumulto na zona do euro, a economia foi o tema menos francamente debatido pelos três principais candidatos britânicos na reta final da campanha. Com o déficit do Reino Unido vindo em segundo lugar depois da Grécia, alguns analistas sugerem que essa pode ser uma boa eleição para se perder.
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O ganhador será forçado a realizar cortes profundos e impopulares. A tarefa se tornará ainda mais difícil se a eleição de fato resultar num Parlamento em que nenhum partido tenha maioria absoluta ou numa frágil coalizão - cenários em que importantes decisões econômicas seriam adiadas. "Se o próximo governo não atacar o problema, o FMI terá de intervir. Lembro-me que foi muito humilhante", diz Ruth Lea, que trabalhou no Tesouro, em 1976, quando o Reino Unido viveu sua pior crise financeira desde a 2.ª Guerra.
As comparações com a Grécia começaram com o déficit deste ano: 11,5% do PIB de Londres ante os 13,6% de Atenas. A responsabilidade, nesse caso, é do premiê Gordon Brown e do Partido Trabalhista, que se engajaram numa farra de gastos depois de assumir o poder, em 1997. O atual orçamento de US$ 1,1 trilhão inclui US$ 150 bilhões para o serviço de saúde, três vezes mais do que o aplicado quando os trabalhistas chegaram ao poder.
Uma em cada quatro libras que o governo gasta é tomada emprestada. Segundo os economistas, isso exigirá cortes pelo próximo governo jamais vistos desde a Grande Depressão, além de aumentos dolorosos de impostos.