Eleição na Grécia decide ser radical contra 'austeridade'

Alexis Tsipras, líder da Coalizão Radical de Esquerda (Syriza), é considerado favorito em todas as pesquisas de opinião, mas pode ser obrigado a formar aliança progressista para governar

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Por Andrei Netto
Atualização:

Um total de 9,8 milhão de eleitores está apta a votar neste domingo nas eleições gerais que estão definindo a formação do Parlamento e o nome do novo primeiro-ministro da Grécia. As urnas foram abertas às 7h - 3h do horário de Brasília - e receberão votos até às 19h. Os primeiros resultados da apuração devem ser publicados por volta de 21h locais, e ao que indicam as últimas pesquisas devem confirmar o nome de Alexis Tsipras, líder do partido "anti-austeridade" Coalizão Radical de Esquerda (Syriza), como novo premiê do país.

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Tsipras votou pela manhã em uma seção localizada no bairro de Kypseli, em Atenas. Na sua saída, fez uma declaração confiante ao batalhão de jornalistas da Europa e de todo o mundo que acompanha o pleito. Na fala, voltou a criticar a política de rigor fiscal estrito implantada no país por orientação da Comissão Europeia, do Banco Central Europeu (BCE) e do Fundo Monetário Internacional (FMI) - a "Troika" - em contrapartida de dois empréstimos de € 240 bilhões concedidos em 2010 e 2011.

"Nosso futuro comum na Europa não é o da austeridade, mas o da democracia, da solidariedade e da cooperação. Hoje os gregos foram chamados a dar um último passo para o retorno da esperança e o fim do medo", afirmou Tsipras, repetindo o discurso de otimismo frente à crise, que elevou o desemprego de 10,7% em dezembro de 2009 - quando dos primeiros cortes orçamentários - a 25,5% cinco anos mais tarde. 

Alexis Tsipras votou pela manhã do domingo, 25,em uma seção localizada no bairro de Kypseli, em Atenas Foto: Alkis Konstantinidis/Reuters

Ainda em tom de campanha, o líder de esquerda radical criticou seu rival, o atual primeiro-ministro, Antonis Samaras, candidato do partido Nova Democracia (centro direta), e pregou: "Nós estamos decidindo se amanhã Troika voltará à Grécia para implantar as medidas que Samaras decidiu, ou se amanhã nosso país se lançará em uma negociação difícil para o retorno da dignidade".

Em Pylos, cidade da região do Peloponeso, no sul do País, Samaras também atacou seu adversário, em um último esforço para convencer os eleitores indecisos. "Hoje nós decidimos se avançamos ou nos lançamos no desconhecido", advertiu.

De acordo com os institutos de pesquisa, Tsipras é favorito, com índices que variam de 31,2%, no pior cenário, a 32,9%, no melhor, uma vantagem que oscila entre 5,2% e 6,7% sobre Samaras. Se a tendência for mantida, o Syriza pode até obter a maioria absoluta de 151 assentos no Parlamento. Caso contrário, poderá contar com outros quatro partidos de centro esquerda, que já indicaram a intensão de apoiar Tsipras. 

Na quarta-feira, dirigentes de dois partidos, To Potami (O Rio, de centro esquerda) edo Partido Socialista Grego (Pasok), defenderam a formação de uma grande aliança de partidos progressistas para governar o País. Essa aliança daria à Syriza estabilidade para administrar o Parlamento e reforçaria a posição da Syriza, que espera obter um amplo consenso nacional para renegociar os termos do reembolso da dívida com a Comissão Europeia, o BCE e o FMI. A dívida da Grécia, que em 2008 foi de 112,9% do PIB, deve ter chegado a 177% em dezembro de 2014 - os últimos números oficiais ainda serão confirmados pelo instituto grego de estatísticas. São € 321,7 bilhões, que na prática fazem com que cada bebê nascido na Grécia hoje venha ao mundo com uma dívida de € 29,7 mil para pagar.

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