Igreja nega comunhão a políticos pró-lei do aborto na Espanha

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A Igreja Católica espanhola negará a comunhão a parlamentares que votaram a favor de um projeto de lei que facilita o aborto, anunciou na sexta-feira o porta-voz da Conferência dos Bispos da Espanha. "Esse é um aviso aos católicos de que eles não podem votar a favor disso e de que eles não poderão receber a comunhão a menos que peçam perdão", disse Juan Antonion Martinez Camino numa entrevista coletiva. "Eles se encontram em um estado objetivo de pecado". O projeto patrocinado pelo governo, aprovado na primeira de uma série de votações do Parlamento na quinta-feira, permitirá o aborto até a 14a. semana de gravidez e, em casos de extrema deformidade fetal, em qualquer momento da gestação. O projeto também permitirá que as mulheres façam abortos a partir dos 16 anos sem o consentimento dos pais, uma cláusula que tem gerado polêmica mesmo dentro do Partido Socialista (do governo). Atualmente o aborto é permitido apenas em casos de estupro, má formação fetal ou se a gravidez coloca em risco a saúde física ou mental da mãe. Na prática a Espanha tem uma taxa de aborto mais alta que alguns países com leis mais liberais porque muitos médicos espanhóis se dispõem a atestar o perigo à saúde psicológica da mãe. Centenas de milhares de pessoas marcharam contra a lei do aborto em Madri no mês passado. O governo, porém, calcula que o projeto de lei tem amplo apoio entre os eleitores de esquerda. Analistas dizem que o primeiro-ministro espanhol, José Luis Rodriguez Zapatero, tenta concentrar o debate em questões sociais num momento em que o desemprego beira os 20 por cento. (Reportagem de Raquel Castillo)

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