Karadzic enfrenta testemunhas do massacre na Bósnia nesta terça

Preso em 2008, o líder sérvio-bósnio enfrenta mais de 11 acusações por crimes de guerra

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Atualização:

BRUXELAS - O ex-líder sérvio-bósnio Radovan Karadzic enfrenta a partir de amanhã as testemunhas das matanças na Bósnia, no julgamento contra ele no Tribunal Penal Internacional para a Iugoslávia (TPIY) por alegados crimes de genocídio e contra a humanidade.

 

O bósnio muçulmano Ahmet Zulic será a primeira testemunha de acusação que terá que enfrentar Karadzic, que defende a si mesmo e terá direito a réplica e questionamento cruzado a cada testemunha.

 

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Zulic, ex-prisioneiro do campo de concentração sérvio da região de Sanski Most (noroeste da Bósnia), apresentará o que se espera ser um dos relatos orais mais crus do julgamento.

 

Seu testemunho inclui, em consonância com o que está na instrução, o relato do assassinato de vinte homens em 1992, a quem os soldados sérvios haviam obrigado a cavar sua própria fossa antes de morrer.

 

O ex-prisioneiro Ahmet Zulic já colaborou anteriormente em julgamentos contra outros acusados por crimes de guerra da antiga Iugoslávia, como Slobodan Milosevic, que aconteceram em Haia.

 

Depois de Zulic, testemunhará na quarta-feira Sulejman Crncalo, cuja mulher foi assassinada no mercado de Markale, em Sarajevo.

 

Karadzic, que se declara inocente, pode pegar prisão perpétua se for considerado culpado de ser o "comandante supremo" de uma campanha de limpeza étnica contra os muçulmanos, tal e como acusa o promotor, Alan Tieger.

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Nos dois primeiros dias de março, na abertura das declarações, Karadzic chamou de "mito" a matança de Srebrenica, onde morreram cerca de 8.000 homens e adolescentes depois da tomada desse enclave majoritariamente muçulmano pelas forças servio-bósnias em julho de 1995.

 

O ex-líder falou de uma causa "justa e sagrada" para se referir á ofensiva sérvia contra "a ameaça muçulmana" fundamentalista que se formava, segundo ele, contra a Iugoslávia.

 

A acusação conta com até doze testemunhos programados apenas para o mês de abril, alguns deles com o tempo de interrogatório concedido pela Corte de até catorze horas.

 

No total, Radoban Karadzic, de 64 anos, enfrenta onze acusações por crimes de guerra, contra a humanidade e por genocídio na guerra civil da Bósnia-Herzegovina (1992-1995), onde se calcula que foram exterminadas 100 mil pessoas e em que mais de dois milhões tiveram que deixar suas casas.

 

Karadzic tem tentado desde outubro adiar o julgamento com diversos recursos que dificultaram o processo, mas que foram negados pela sala de apelações do TPIY.

 

O ex-líder sérvio foi preso em 21 de julho de 2008 em Belgrado por agentes do Serviço Secreto da Sérvia.

Escondido na capital do país com um aspecto diferente e que o fazia irreconhecível, Karadzic se fazia passar por médico naturopata.

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