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Para evitar separação, Grã-Bretanha promete mais recursos à Escócia

Caso os escoceses optem por manter a união, Londres deve conceder conceder maior controle sobre seus gastos de saúde

Por GUY FAULCONBRIDGE E ALISTAIR SMOUT
Atualização:
Segundo o primeiro-ministro, David Cameron, "não haverá volta", caso os escoceses optem pela independência Foto: Ben Stansall/AFP

A Grã-Bretanha prometeu garantir altos níveis de financiamento à Escócia, concedendo aos escoceses maior controle sobre seus gastos de saúde, em uma última tentativa para alavancar apoio pela manutenção do Reino Unido antes do referendo sobre a independência na quinta-feira.

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Com as pesquisas mostrando que a decisão sobre o destino do Reino Unido será apertada, os gastos com bem-estar social e com o futuro do renomado Sistema Nacional de Saúde formaram uma parte central do argumento do nacionalista Alex Salmond pela secessão.

Em um acordo patrocinado pelo ex-primeiro-ministro Trabalhista Gordon Brown, os líderes dos três principais partidos britânicos disseram que manteriam a equação de financiamento que sustenta um nível maior de gastos públicos na Escócia.

“As pessoas querem ver mudanças”, disse o acordo, publicado no jornal escocês Daily Record e assinado pelo primeiro-ministro David Cameron, pelos líderes trabalhista, Ed Miliband, liberal democrata, Nick Clegg.

“Um voto pelo ‘não’ propiciaria uma mudança mais rápida, segura e melhor do que a separação”, disse o acordo.

Cameron, cujo cargo estará em jogo se os escoceses votaram pela saída da Escócia do Reino Unido, alertou em sua última visita à região antes do referendo de quinta-feira que não haveria volta, e que qualquer separação seria dolorosa.

Líderes britânicos concordam que mesmo se a Escócia votar pela manutenção da união de 307 anos, a estrutura do Reino Unido terá que mudar, já que os esforços para conceder tantos poderes à Escócia provocará clamores por um Estado menos centralizador de eleitores no País de Gales, na Inglaterra e na Irlanda do Norte.

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Diversos eleitores nas zonas industriais do norte da Inglaterra e de Gales dependem dos gastos sociais do governo, ao passo que alguns parlamentares ingleses do próprio partido de Cameron já pediram que a Inglaterra tenha mais poderes.

Diante da maior ameaça interna ao Reino Unido desde que a Irlanda se separou há quase um século, o "establishment" britânico - desde Cameron até o ex-jogador de futebol David Beckham - se uniram em um esforço para convencer os escoceses de que o Reino Unido é “Melhor Junto”.

“Não haverá volta. Não haverá nova tentativa. Se a Escócia votar ‘sim', o Reino Unido irá se separar e nós iremos por caminhos separados para sempre”, disse Cameron em Aberdeen, centro da indústria petrolífera escocesa.

Se os escoceses votarem pela independência, a Grã-Bretanha e a Escócia teriam 18 meses de negociações pela frente sobre todos os temas, desde o petróleo do Mar do Norte até a libra esterlina e a filiação à União Europeia, além da principal base nuclear submarina da Grã-Bretanha, que fica na Escócia.

A possibilidade de cindir o Reino Unido, sexta maior economia do mundo e membro com poder de veto no Conselho de Segurança das Nações Unidos, levou cidadãos e aliados a ponderar o que sobraria disso tudo.

(Reportagem adicional de Angus MacSwan)

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