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Presidente turco critica feministas e diz que homens e mulheres não são iguais

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Por Redação
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O presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, declarou em um encontro sobre os direitos das mulheres nesta segunda-feira que a igualdade de gêneros é contrária à natureza e disse que as feministas não reconhecem o valor da maternidade. Erdogan, cuja ideologia islâmica conservadora frequentemente causa repúdio em segmentos mais liberais da sociedade turca, disse que a natureza mais “delicada” das mulheres faz com que seja impossível colocá-las em pé de igualdade com os homens. “Você não pode colocar uma mulher em qualquer trabalho que um homem faz, como faziam nos regimes comunistas no passado”, afirmou ele na reunião da Associação Mulheres e Democracia. “Você não pode colocar uma picareta e uma pá em sua mão e fazê-la trabalhar. Não é assim que se faz.” Ele afirmou que as mulheres devem ser tratadas igualmente aos olhos da lei, mas que seu papel diferente na sociedade tem que ser reconhecido. Os críticos de Erdogan na Turquia, majoritariamente muçulmana mas constitucionalmente secular, o acusam regularmente de praticar uma intrusão puritana em suas vidas íntimas, que vai de seus conselhos a respeito do número de filhos que as mulheres deveriam ter até sua visão sobre o aborto. Mas sua retórica, embora divida opiniões, conquistou o apoio da população religiosa da Anatólia, o que ajudou a garantir sua vitória na primeira eleição popular a chefe de Estado em agosto, depois de mais de uma década como primeiro-ministro. “Nossa religião concedeu um lugar à mulher. Que lugar é esse? O lugar da maternidade... a maternidade é algo diferente e é o lugar mais inalcançável, o mais alto”, disse. “Há aqueles que entendem isso, há aqueles que não. Não se pode dizer isso às feministas, porque elas não aceitam a maternidade. Não têm tais preocupações.” Economistas citam o baixo número de mulheres no mercado de trabalho como um obstáculo para o desenvolvimento turco, e a União Europeia, à qual a Turquia tenta se filiar há mais de uma década, exortou o país a fazer mais para aprimorar a igualdade de gêneros. “Sabemos que as mulheres não são fisiologicamente iguais. Mas a igualdade trata de direitos iguais, estatuto igual e oportunidades iguais”, disse a presidente do grupo de direitos da mulher KA.DER, Gonul Karahanoglu. “Ele só define as mulheres como mães. É uma discriminação contra todas as mulheres que não têm filhos. Ele sempre diz as mesmas coisas”, afirmou. (Reportagem de Dasha Afansieva e Daren Butler)

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