Projeções indicam que Reino Unido ficará na UE

Líder do Partido pela Independência do Reino Unido (Ukip) e um dos maiores defensores do Brexit admitiu a vantagem do campo pró-europeu,

PUBLICIDADE

Por ANDREI NETTO - CORRESPONDENTE/PARIS
Atualização:

Em mobilização recorde do eleitorado, superior a 70%, os britânicos decidiram em plebiscito histórico que o Reino Unido deverá permanecer um dos 28 países-membros da União Europeia, indicam projeções. Os números divulgadas instantes após o fechamento das urnas, às 22h em Londres (18h de Brasília), indicaram que a campanha pela permanência (Remain) obterá cerca de 52% dos votos, contra 48% em favor da saída (Leave). Nigel Farage, líder do Partido pela Independência do Reino Unido (Ukip) e um dos maiores defensores do Brexit, admitiu a vantagem do campo pró-europeu, embora apuração inicial apontasse dianteira dos eurocéticos.

PUBLICIDADE

Depois de semanas de tensão, nas quais as pesquisas de intenção indicaram uma persistente tendência de vitória da campanha pelo rompimento entre Londres e Bruxelas, sondagens de boca-de-urna realizadas por diferentes institutos confirmaram a reversão do quadro. Segundo a média de seis pesquisas calculada pela organização apartidária What UK Thinks, Remain teria 52% dos votos válidos, contra 48% do Leave. O resultado seria obtido graças ao apoio em massa dos jovens. Os dados de boca-de-urna do instituto YouGov indicavam que 75% dos eleitores com idade entre 18 e 24 anos e 56% dos com 25 a 39 anos votaram pró-Europa.

Até as 22h15 em Brasília, porém, os resultados parciais da apuração apontavam a dianteira dos eurocéticos. Com 31 áreas de um total de 382 apuradas, os eleitores do Leave somavam 53,2%, contra 46,8% dos favoráveis ao Remain. Considerada apenas a Inglaterra, o maior dos quatro países do Reino Unido, o resultado também era favorável à mesma tendência: 59,6% pelo Leave, contra 40,4% pelo Remain.

Ao longo do dia, a tendência de vitória do campo pró-Europa gerou otimismo no mercado financeiro. As principais bolsas europeias fecharam em alta: Londres com 1,23%, Frankfurt com 1,85% e Paris com 1,96%. Já a moeda britânica, a libra esterlina, valorizou-se, atingindo seu maior valor frente ao dólar em seis meses. Mas durante a madrugada a tendência se inverteu, e com a abertura dos mercados financeiros asiáticos a libra passou a perder valor.

Declarações. Em post no Twitter, o primeiro-ministro do Reino Unido, David Cameron, líder da campanha pró-UE, evitou declarar vitória, mas agradeceu o apoio da opinião pública, insinuando o sucesso de seu campo. "Obrigado a todos que votaram para manter o Reino Unido mais forte, mais seguro e melhor na Europa", disse o premiê.

Minutos antes, o populista de extrema direita Nigel Farage admitiu à rede de TV Sky News a provável vitória do campo pró-europeu. "Ao que parece o Remain tem a vantagem", afirmou. No comitê de campanha pelo Leave, a análise foi idêntica. Membro do governo de David Cameron, a ministra Theresa Villiers, favorável ao Brexit, também reconheceu a tendência de vitória do campo pró-Europa. "Meu sentimento é de que o Remain ganhou. Eu atribuo esse sucesso à campanha do medo", criticou a ministra, referindo-se aos alertas sobre o impacto econômico negativo que o rompimento entre Londres e Bruxelas teria para a economia britânica.

Tensão. A tendência de vitória do campo pró-Europa encerrou um dia de tensão máxima nas principais capitais do continente. Ao longo do dia, líderes políticos como o presidente da França, François Hollande, e a chanceler da Alemanha, Angela Merkel, afastaram qualquer possibilidade de que pudesse haver outra opção em caso de vitória do Brexit a não ser a saída "irreversível" do Reino Unido do bloco. "Quando é não, é não. Não há um estatuto intermediário", afirmou Hollande.

Publicidade

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.