Rússia elogia mudanças no sistema antimísseis dos EUA

Plano adotado por George W. Bush era considerado uma 'provação à segurança na região europeia'

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Por Agência Estado e Associated Press
Atualização:

A Rússia recebeu bem as notícias desta quinta-feira, 17, de que os EUA mudarão seus planos de instalar um escudo antimísseis no Leste Europeu. Apesar disso, o governo russo avalia que não há necessidade de oferecer concessões em troca.

 

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O primeiro-ministro interino da República Checa, Jan Fischer, afirmou que o presidente dos Estados EUA, Barack Obama, disse em conversa por telefone que sua administração decidiu interromper o projeto do sistema antimísseis. Ainda nesta quinta-feira, Obama falou ao público sobre o tema.

 

Funcionários russos elogiaram a medida, avaliando-a como um bom senso dos EUA para acabar com um plano provocativo e desnecessário. Além disso, apontaram que isso é um sucesso para a determinada oposição diplomática da Rússia à iniciativa. O presidente russo, Dmitry Medvedev, ameaçou em novembro instalar mísseis táticos Iskander na fronteira com a Polônia, caso o sistema dos EUA fosse instalado.

 

"Os planos de (George W.) Bush para defesa antimíssil como conhecíamos até agora não eram nada mais que provação à segurança na região europeia", afirmou Dmitry Rogozin, embaixador da Rússia na Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), em entrevista por telefone.

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Apesar de notar que Moscou ainda teria que ser informada formalmente da decisão, Rogozin repetiu declarações anteriores dos russos de que Moscou não vê o abandono dos planos dos EUA como uma concessão, mas sim como "um erro que está agora sendo corrigido". Em todo caso, ele disse, a Rússia concordou recentemente em permitir que aeronaves norte-americanas levando tropas e suprimentos passassem pelo espaço aéreo russo, no esforço de guerra no Afeganistão. Segundo o embaixador, essa permissão se traduzirá em um economia de US$ 1 bilhão por ano pelos EUA.

 

"Isso é um reconhecimento dos americanos da justeza de nossos argumentos sobre a realidade da ameaça, ou melhor da falta dela" em relação a possíveis mísseis vindos do Irã, avaliou Konstantin Kosachev, diretor do comitê de assuntos internacionais da Câmara dos Deputados russa. "Assim como os americanos superestimaram a ameaça do regime de Saddam Hussein no Iraque, eles também superestimaram todo esse tempo a ameaça do Irã", comparou. "Finalmente os americanos concordaram conosco."

 

Kosachev disse também que a medida dos EUA é um reconhecimento por Washington de que Moscou deve estar envolvida em qualquer discussão sobre estratégia de segurança.

 

A Rússia acredita que o Irã demorará ainda anos para ter capacidade de instalar uma arma nuclear em um míssil balístico. Analistas ocidentais, porém, têm opiniões divergentes sobre a questão. Os líderes russos insistem que o verdadeiro alvo do plano norte-americano era o arsenal nuclear russo, não o iraniano.

 

Especialistas no setor militar russo já disseram que a principal preocupação era com os radares a serem instalados na República Checa. Segundo eles, isso possibilitaria que os EUA monitorassem o sudoeste russo. Na semana passada, o primeiro-ministro Vladimir Putin indicou que Moscou poderia considerar outras áreas para o sistema dos EUA, desde que não monitorassem a Rússia também.

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