PUBLICIDADE

Tribunal espanhol suspende votação sobre independência da Catalunha

Embora possa levar anos para a Corte Constitucional se pronunciar sobre a questão, a votação foi efetivamente suspensa por decisão do tribunal ao aceitar o caso

Por JULIEN TOYER
Atualização:
A Catalunha, que representa cerca de um quinto da economia da Espanha, tem a sua própria língua e cultura distinta, e há muito tempo luta por maior autonomia Foto: LLUIS GENE/AFP

A Corte Constitucional da Espanha suspendeu nesta segunda-feira um referendo sobre a independência convocado pela Catalunha para novembro, embora as ricas forças políticas da região sigam em frente com uma campanha política pela votação.

PUBLICIDADE

O governo central da Espanha pediu mais cedo nesta segunda ao tribunal que declarasse ilegal um referendo convocado pelo líder da Catalunha, Artur Mas, para 9 de novembro sobre a separação da região do restante da Espanha.

Embora possa levar anos para a Corte Constitucional se pronunciar sobre a questão, a votação foi efetivamente suspensa por decisão do tribunal ao aceitar o caso. Uma porta-voz do tribunal disse que 12 juízes tinham chegado a uma decisão após reunião de emergência de uma hora.

A Catalunha, que representa cerca de um quinto da economia da Espanha, tem a sua própria língua e cultura distinta, e há muito tempo luta por maior autonomia.

Mas o primeiro-ministro espanhol, Mariano Rajoy, disse nesta segunda-feira que nenhum grupo de espanhóis poderia tomar decisão sobre a soberania que afeta todo o país. Ele lamentou a decisão do presidente regional da Catalunha de convocar a votação.

"Eu lamento isso porque é contra a lei, está além do direito democrático, divide catalães, os distancia da Europa e do restante da Espanha e afeta seriamente seu bem-estar", afirmou Rajoy em coletiva de imprensa após uma reunião de gabinete.

"Sem contar a frustração que causa a uma grande parte do povo catalão, incentivando-os a participar de uma iniciativa que, por ser ilegal, não verá a luz do dia."

Publicidade

Artur Mas, o líder da Catalunha, assinou um decreto no sábado sobre uma votação que pede a separação da Espanha, colocando o governo local em rota de colisão com Madri.

A grande maioria dos catalães quer realizar um referendo, mostram as pesquisas.

Analistas políticos preveem que Mas convoque eleições locais antecipadas após a suspensão da votação, mas ele não deu nenhum sinal de ceder às pressões.

Enquanto a Corte Constitucional estava reunida em Madri, Mas apresentou um "livro branco", em Barcelona, ??um documento que detalha os passos que a Catalunha teria que tomar em caso de independência.

O documento contém 18 capítulos que abordam questões como a defesa, a segurança social, as relações comerciais e a viabilidade financeira de um Estado catalão independente, além da integração junto à União Europeia e à comunidade internacional.

Partidos políticos locais, incluindo o Esquerra Republicana de Catalunya, que apoia o governo de minoria de Mas no Parlamento regional, também lançou a sua campanha política nesta segunda-feira.

"Nós queremos ser livres, queremos um novo país", dizia seu slogan em vermelho e amarelo, as duas cores da bandeira catalã.

Publicidade

(Reportagem adicional de Paul Day e Sarah Morris)

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.