EXCLUSIVO PARA ASSINANTES

A relevância do teatro de Bibi sobre o Irã

Discurso de primeiro-ministro de Israel, Bibi Netanyahu, sobre programa nuclear iraniano, não é novidade, mas servirá de pretexto, com toda probabilidade, para os Estados Unidos abandonarem o acordo nuclear com o Irã no dia 12

PUBLICIDADE

Foto do author Redação
Por Redação
Atualização:

Não há, até o momento, novidade nas provas das mentiras iranianas apresentadas com fanfarra pelo primeiro-ministro de Israel, Bibi Netanyahu. Só confirmam o que todos já sabiam: o Irã manteve seu programa secreto de armas nucleares por muitos anos depois de 2003, ao contrário do que sempre afirmou à Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA). Isso não significa, porém, que sejam inócuas. Não apenas porque servirão de pretexto, com toda probabilidade, para os Estados Unidos abandonarem o acordo nuclear com o Irã no dia 12. Mas também pelas consequências para a AIEA.

+ Documentos de Israel sobre Irã são 'autênticos' e 'reais', dizem EUA; França pede transparência

Premiê de Israel, Binyamin Netanyahu, apresentou nesta segunda o que seriam provas do programa nuclear desenvolvido pelo Irã Foto: REUTERS/Amir Cohen

PUBLICIDADE

Após anos de evidências acumuladas, só em novembro de 2011 a AIEA foi explícita sobre as “possíveis dimensões militares” do programa nuclear do Irã pós-2003. Graças à habilidade dos iranianos, o acordo de 2015 é omisso sobre a questão, num perdão implícito por mentiras do passado. Por isso, as novas provas de Bibi não significam que o Irã o tenha rompido.

Ainda em dezembro de 2015, a AIEA confirmou o diagnóstico de 2011. Mas, como verificou que o Irã cumprira (e cumpre) todos os compromissos firmados desde a assinatura do acordo, deu sua chancela e encerrou formalmente a discussão sobre o passado. Teria feito isso se já dispusesse das provas das lorotas iranianas reveladas por Bibi? Dificilmente. No mínimo, elas hoje dariam vantagem moral a qualquer nova exigência do Irã.

Por que cotas são piores que tarifas Há algo pior que tarifas? Sim: cotas, como as que os Estados Unidos criaram para aço e alumínio importados de Brasil ou Coreia do Sul. “Com uma tarifa, você ao menos mede e limita o dano, mas importa quanto quiser”, diz o economista John Cochrane. É difícil medir o custo das cotas. Governos estrangeiros montam um minicartel de produtores para decidir quem ganha a benesse, em conluio lucrativo. “Restrições coordenadas à produção são exatamente o que as leis antitruste se propõem a combater no mercado doméstico”, diz Cochrane. No internacional, as cotas ainda exportam o lucro do conluio.Guerra comercial afetará 15% do comércio China-EUA Previsão da Economist Intelligence Unit (EIU): Estados Unidos e China imporão tarifas mútuas de US$ 80 bilhões, ou 15% do comércio bilateral. “Não é um número grande a ponto de afetar o crescimento econômico”, diz a EIU. A disputa é assimétrica. A China de Xi Jinping representou 8% do total exportado pelos americanos em 2017. Os Estados Unidos, um quinto das exportações chinesas. Apesar da disputa, o comércio entre os dois países cresceu no primeiro trimestre: 15% na direção China-Estados Unidos; 9% na oposta. Depois de uma segunda rodada de tarifas, a EIU prevê que a disputa cesse, evitando uma guerra comercial ampla. Principal alvo da retaliação chinesa, a soja americana abrirá oportunidade à Rússia e ao Brasil.

Publicidade

Em retaliação a Trump, China anunciou barreiras a mais de 100 produtos americanos Foto: Doug Mills/The New York Times

Na Europa, 7% estão prontos a proteger privacidade Apenas 7% das empresas europeias estão preparadas para as exigências da Regulação Geral de Proteção de Dados (GDPR), a nova lei sobre privacidade que entra em vigor no próximo dia 25. De acordo com uma pesquisa da Cibersecurity Insiders, 60% dizem que não estarão prontos no prazo, e 41% precisam de pelo menos mais 12 meses. A exigência que mais preocupa, citada por 53%, é o direito ao esquecimento, a prerrogativa de qualquer cidadão exigir o apagamento definitivo de seus dados.Brasil é exemplo no combate ao fogo Apesar do incêndio que levou ao desmoronamento de um prédio no centro de São Paulo, incêndios estruturais têm caído no Brasil. Houve 724 em 2017, 46% a menos que os 1.349 de 2015, segundo o monitoramento do Instituto Sprinkler Brasil. As normas de segurança também têm evitado o pior. Na última lista da Organização Mundial da Saúde (OMS), de 2015, fomos o 145.º entre 184 países, com 0,67 morte para cada 100 mil habitantes sob a rubrica “fogo, calor e substâncias quentes”. Os três primeiros foram Angola (13), Costa do Marfim (11,8) e Rússia (10,2). Os dados do Ministério da Saúde somaram naquele ano 939 mortes por “exposição à fumaça, ao fogo e às chamas”, 0,46 para 100 mil brasileiros – queda de quase 10% em relação à média dos últimos dez anos.