Ação em NY tentou dar caráter global ao Taleban

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Por Análise: Gustavo Chacra
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O Tehrik-i-Taleban, como é oficialmente denominado o Taleban no Paquistão, deixou de ser uma organização de atuação local para passar a agir globalmente ao levar adiante o fracassado atentado terrorista na Times Square. Criado em 2007, o Taleban paquistanês, que é um braço do afegão, concentrava suas operações contra as forças americanas e de seus aliados da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) estacionadas no Afeganistão, além do próprio governo paquistanês. Nunca, nestes três anos, eles tinham atacado fora desta área. Outras organizações de atuação local, como o Hamas palestino, o IRA (irlandês), a ETA (basca), os Tigres Tâmeis (Sri Lanka) e o próprio Taleban do Afeganistão também sempre evitaram ações distantes de suas regiões de interesse. No passado, facções palestinas como o próprio Fatah atacavam globalmente, antes de voltar para operações locais depois dos anos 90. Ao agir localmente, grupos tendem a conseguir mais simpatia internacional para sua causa. Já quando atacam em outras partes do mundo, atraem mais oposição a seus objetivos. A vantagem é que o impacto costuma ser maior. A explosão de um carro-bomba em Lahore pode ser quase um clichê, mas em Nova York teria repercussões bem além da Ásia Central. O mais provável é que a decisão de lançar um ataque na Times Square tenha sido motivada pelo fortalecimento da aliança com a Al-Qaeda, que sempre atuou globalmente e pode ter influenciado o Taleban paquistanês. Membros da rede terrorista são escondidos pelo grupo em áreas como Waziristão do Sul, na fronteira do Paquistão com o Afeganistão.A falta de um suicida e o uso de um carro-bomba com explosivos simples deixam clara uma alteração no modo de agir do Taleban. A Al-Qaeda, em suas operações, sempre utiliza uma pessoa disposta a se matar para facilitar a logística do atentado, além de explosivos modernos, como o pó que um nigeriano tentou utilizar para explodir um avião em Detroit. O mesmo vale para o Taleban no Paquistão e no Afeganistão. Em Nova York, foi diferente. Não está claro se é uma nova estratégia, ou incapacidade de recrutar um terrorista e preparar explosivos mais poderosos.É CORRESPONDENTE EM NOVA YORK

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