GENEBRA - Sob protestos, o governo de Bashar Assad assumiu nesta terça-feira, 29, a presidência da Conferência de Desarmamento da ONU. Acusado de crimes contra a humanidade e de ter usado contra sua própria população armas químicas, Damasco presidirá a negociação por um mês.
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Respondendo a critérios de rotatividade, a Conferência não teve outra opção senão a de passar para a Síria a chefia dos trabalhos. Mas a decisão foi alvo de condenação por parte de governos ocidentais. A delegação americana, por exemplo, abandonou a sala quando a primeira reunião começou, nesta terça.
A polêmica chegou até a cúpula da ONU. Antônio Guterres, secretário-geral das Nações Unidas, indicou que não tem poderes para mudar a rotação da presidência do grupo.
Ativistas e governos dizem não ser aceitável a participação em um encontro internacional sobre desarmamento presidido por um governo suspeito de ter usado armas químicas no dia 7 de abril, em Duma.
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Responsável por negociar um acordo de controle de armas e defender a não proliferação de armas nucleares, a Conferência de Desarmamento é um dos pilares do sistema internacional de segurança. Sua presidência é estabelecida por uma rotação por ordem alfabética.
Robert Wood, embaixador dos EUA na ONU, liderou o protesto contra os sírios e abandonou sua cadeira enquanto Damasco assumia o cargo. Washington, porém, não fala em um boicote total da conferência."Estamos deixando a sala e vamos tomar outras iniciativas ao longo da presidência síria", prometeu o diplomata americano.
"O regime sírio cometeu inúmeros crimes contra seu povo pelo uso de armas químicas e não é aceitável que eles liderem esse órgão", disse Wood. "Esse é um dos dias mais negros da história da Conferência de Desarmamento. O regime (de Assad) não tem nem a credibilidade e nem a autoridade moral de presidir os trabalhos. A comunidade internacional não pode se silenciar", completou.
Países como Reino Unido, Austrália e França se somaram ao protesto americano. "É algo deplorável", disse o embaixador britânico, Matthew Rowland, num discurso diante do representante da Síria.