Advogado francês Jacques Vergès morre aos 88 anos na França

Homem era conhecido como 'advogado do terror' por defender nazistas, terroristas e ditadores

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Por Redação
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PARIS - O advogado francês Jacques Vergès, conhecido como "advogado do terror" devido ao clientes que defendeu, incluindo um ex-chefe da Gestapo e o militante Carlos, o Chacal, morreu de um ataque cardíaco, aos 88 anos.

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Considerado por muitos como um dos advogados mais brilhantes e provocativos da França, Vergès ganhou notoriedade ao aceitar representar clientes considerados por outros como impossíveis de defender. O advogado morreu na quinta-feira em sua casa parisiense do século 18, onde o filósofo Voltaire viveu, de acordo com seu editor Pierre-Guillaume de Roux.

Vergès nasceu na Tailândia, em 1925, filho de pai francês e mãe vietnamita, e cresceu na ilha governada pela França no oceano Índico de La Réunion, para onde a família mudou-se depois que seu pai perdeu o emprego como cônsul por se casar com uma estrangeira, algo proibido na época.

Na década de 1960, Vergès defendeu argelinos que lutaram pela independência num momento em que o fim do domínio francês na colônia do norte africano foi violentamente contestada por alguns setores da sociedade francesa.

Como líder estudantil comunista, Vergès ficou amigo de Pol Pot, líder do Khmer Vermelho, responsável pelo genocídio no Camboja em que 2,2 milhões de pessoas morreram.

Vergès deixou perplexos seus compatriotas ao concordar em defender Klaus Barbie, chefe da Gestapo na cidade de Lyon, que foi duas vezes condenado à morte à revelia por crimes de guerra. Quando Barbie fugiu da França em 1944, Vergès estava marchando para libertar Paris com as forças francesas de De Gaulle.

Outros clientes foram o militante libanês Georges Ibrahim Abdallah e o ex-vice-premiê iraquiano Tariq Aziz, e ele também deu assessoria jurídica ao ex-líder iugoslavo Slobodan Milosevic.

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Para alguns de seus críticos, a lista de clientes de Vergès significa que suas mãos ficaram tão sujas quanto as das pessoas que ele defendia. Em 2007, um documentário francês sobre a vida dele o apelidou de "advogado do terror", um apelido que pegou./ REUTERS

 

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