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Al-Jazira decide não divulgar vídeo feito por atirador francês

Rede de televisão atendeu aos apelos do presidente francês

Atualização:

Texto atualizado às 10h53.

 

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PARIS - A al-Jazira, rede de TV árabe com sede no Qatar, atendeu ao apelo do presidente da França, Nicolas Sarkozy, e decidiu não divulgar os vídeos feitos pelo atirador Mohamed Merah, que matou sete pessoas em três cidades francesas no início de março.

 

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As imagens mostram as mortes de três militares franceses, um professor e mais três crianças judias em uma escola de Toulouse. "De acordo com o código de ética da al-Jazira e considerando que o vídeo não acrescenta nenhuma informação que já não seja de domínio público, os canais de notícia não transmitirão as imagens", informou o escritório da emissora em Paris, que recebeu as gravações na segunda-feira em um pacote anônimo. Ainda de acordo com a TV árabe, foram rejeitados diversos pedidos de obtenção das imagens por emissoras de diferentes países. O chefe da rede em Paris, Zied Tarrouche, disse que o vídeo de 25 minutos é uma montagem que apresenta, em ordem cronológica, cenas dos três ataques mixadas a músicas religiosas e versos do Corão. "É possível ouvir os tiros, a voz do autor dos disparos, que foi deformada, e os gritos das vítimas", diz o chefe da al-Jazira em Paris, que acrescenta ainda que o vídeo "foi bem realizado do ponto de vista técnico". Em discurso na manhã desta terça-feira, o presidente francês, Nicolas Sarkozy, pediu que os canais de TV não divulguem as imagens das mortes "por respeito às vítimas e à França". Sarkozy afirmou que "não há nenhuma justificativa" para a divulgação das imagens das mortes de quatro pessoas em uma escola judaica, na semana passada - entre elas três crianças - e dos três soldados, nos dias 11 e 15 de março. 'Sensacionalismo' O Conselho Superior do Audiovisual francês também fez um apelo para que os canais de TV do país não divulguem as imagens dos ataques cometidos em Toulouse e Montauban, no sudoeste da França. "Não somos um canal sensacionalista, não estamos buscando divulgar as imagens sem calcular os riscos e as consequências", disse Tarrouche em entrevista ao canal BFM TV. "Eu conversei com o procurador de Paris a respeito, que me falou sobre as consequências da divulgação das imagens. Mas também não podemos ser proibidos de realizar nosso trabalho de jornalista", afirmou Tarrouche. O escritório parisiense da al-Jazira recebeu um pendrive com imagens das mortes na segunda-feira, e uma carta manuscrita, e transferiu os documentos à polícia francesa. Segundo Tarrouche, o atirador teria utilizado uma câmera presa ao peito, como já haviam revelado testemunhas que presenciaram os ataques. "Só vemos planos frontais, mais ou menos estáveis." O vídeo, segundo a imprensa francesa, foi postado em um vilarejo próximo a Toulouse, onde residia Merah, e o carimbo do correio teria como data a terça-feira passada. Os investigadores apuram se o envelope teria sido colocado no correio por Merah na noite de terça-feira, dia 20, antes do cerco à sua residência, iniciado na madrugada de quarta-feira, ou se ele teria um cúmplice. A imprensa francesa afirma, com base em uma fonte policial não identificada, que o vídeo não teria sido postado por Merah, mas a informação não foi confirmada oficialmente. O jovem francês de 23 anos, de origem argelina, foi morto na quinta-feira com um tiro na cabeça após um cerco policial que durou 32 horas. Ele teria dito aos investigadores ter ligações com a rede Al-Qaeda e teria reivindicado os ataques para vingar as crianças palestinas e punir a França por sua presença militar no Afeganistão. O local do enterro de Merah tem causado inúmeras discussões na França. Autoridades preferem que ele seja enterrado na Argélia, onde reside seu pai, alegando que sua sepultura poderia ser atacada em Toulouse. O governo argelino já teria autorizado que Merah seja enterrado no país, mas sua mãe, que reside em Toulouse, preferiria que ele fosse sepultado na França. O pai de Merah ameaçou entrar com uma ação contra a França pelo assassinato de seu filho por policiais. Sarkozy disse nesta terça-feira estar "indignado" com o fato de que o pai de Merah queira processar a França pela morte do suspeito de sete assassinatos.

 

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