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Análise: Após grande êxito, a saga com Spicer é cancelada

Tal como um ator querido que abandona a série de TV, Spicer renunciou ao cargo de porta-voz da Casa Branca, tirando de cena o personagem central

Por Michael Grynbaum e NYT
Atualização:

No governo de Donald Trump, o boletim de notícias da Casa Branca – até então um fardo de Sísifo para repórteres – tornou-se o reality show mais quente da cidade, uma vitrine para jornalistas, onde as discussões acaloradas viralizam na web e bombam na audiência. Mas o que acontece quando o protagonista é dispensado? 

Porta-voz da Casa Branca, Sean Spicer, comparou o presidente sírio, Bashar Assad, com o líder nazista, Adolf Hitler Foto: EFE/Jim Lo Scalzo

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Tal como um ator querido que abandona a série de TV, Spicer renunciou ao cargo de porta-voz da Casa Branca, tirando de cena o personagem central e apontando para o fim de uma improvável saga que se ergueu em torno do homem que talvez seja o porta-voz mais famoso da era moderna.

Os seis meses de trabalho de Spicer foram uma experiência que mudou a vida das pessoas ao seu redor, impulsionando carreiras e botando lenha na fogueira do ridículo nacional. A atriz Melissa McCarthy ganhou uma indicação ao Emmy por sua imitação de Spicer, alcançando fama imediata no programa Saturday Night Live. April Ryan, correspondente da American Urban Radio, saltou para o estrelato depois de trocar farpas com ele na sala de imprensa.

Em certos dias, os jornais televisivos interromperam novelas populares e programas de entrevistas para transmitir os pronunciamentos de Spicer ao vivo. Suas aparições se tornaram temas das conversas no jantar em todo o país. Até mesmo o tabloide TMZ entrou na onda, publicando um vídeo de baixa definição em que Spicer se vê emboscado por um cidadão descontente em uma loja da Apple. 

A notícia da saída de Spicer levantou especulações de que o porta-voz logo encontraria lugar na TV, seguindo a tradição de antigos assessores da Casa Branca que assinaram contratos lucrativos com canais de notícias a cabo. Mas nem adianta procurar emprego na CNN. A rede, que repetidas vezes entrou em confronto com Spicer e Trump, disse na sexta-feira que não contrataria o porta-voz. / TRADUÇÃO DE RENATO PRELORENTZOU

*É JORNALISTA

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