Cada vez que era forçado a responder a perguntas sobre sua decisão de se meter na campanha presidencial de 2016, apenas 11 dias antes da eleição, o diretor do FBI, James Comey afundava-se mais e mais no atoleiro da própria incompetência e fraqueza. Então, veio a revelação de que ele mentiu no depoimento da semana passada ao Congresso, quando defendeu sua decisão de tornar pública a suposta revelação de que o FBI havia encontrado e-mails de Huma Abedin no computador do marido dela. Ele fez o anúncio antes mesmo de o FBI ter lido os e-mails – os quais, uma vez lidos, não traziam nada com que se preocupar.
Talvez Comey não soubesse, ou tenha se confundido. Mas era de se esperar que tratasse corretamente do assunto, já que sua decisão irresponsável levou Donald Trump à Casa Branca. Vamos recapitular como foi assustadora essa decisão de Comey de tornar público o fato de que o FBI estava investigando o computador de Abedin.
Ele violou diretamente a política do FBI de não comentar investigações envolvendo candidatos a cargos públicos dias antes da eleição, justamente para evitar situações como a criada por Comey.
Naturalmente, ele tinha de avaliar se candidatos poderiam ser afetados por sua decisão. Não estou afirmando que Comey fez o que fez porque é um partidário republicano que tentava derrotar Hillary Clinton. O que transpareceu nas amplas reportagens sobre o assunto é que sua decisão foi provavelmente motivada por um temor muito particular: o de que os republicanos o criticariam. Em outras palavras, não houve intenção criminosa – foi a covardia que o levou a fazer o que fez.
Se Comey seguisse a política do FBI, os republicanos, ao tomarem conhecimento, o acusariam de encobrir o fato em favor de Hillary. Se ela se tornasse presidente, os republicanos o atacariam na imprensa e ele teria de dar explicações ao Congresso. Seu nome seria amaldiçoado. Essa é a catástrofe que ele aparentemente temia. / TRADUÇÃO DE ROBERTO MUNIZ É COLUNISTA