ANÁLISE: O ‘compre agora e pague depois’ pode sair caro para Trump
A mudança da embaixada dos EUA para Jerusalém mostra o princípio que norteia a política externa do presidente Donald Trump: tomar decisões espalhafatosas de política externa visando sua base eleitoral
Por Adam Taylor e W.POST
Atualização:
A mudança da embaixada dos EUA para Jerusalém mostra o princípio que norteia a política externa do presidente Donald Trump: tomar decisões espalhafatosas de política externa visando sua base eleitoral, mas que parecem trazer dores de cabeça diplomáticas e problemas de longo prazo. Pode ser chamada de “compre agora, pague depois” – uma frase a ser aplicada tanto literalmente quanto em sentido figurado.
Trump, como muitos presidentes antes dele, assumiu o cargo prometendo trabalho duro e uma nova abordagem do conflito entre israelenses e palestinos que finalmente levaria à paz. Em vez disso, o governo ainda não revelou seu plano de paz e autoridades palestinas rejeitam conversar com os americanos desde que ele anunciou a mudança da embaixada. Sinal de que os EUA podem estar desacreditados como parte neutra em qualquer acordo, tornando ainda mais difícil encontrar uma solução duradoura.
A visão de curto prazo de Trump não se limita ao conflito israelense-palestino. Sua decisão de se retirar do acordo nuclear com o Irã, em vez de renegociá-lo, deixou muitos observadores com a sensação de que ele não tem um “plano B.”
Palestinos e israelenses entram em confronto no dia da abertura da embaixada dos EUA em Jerusalém
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Palestinos e israelenses entram em confronto
Dezenas de palestinos morreram e centenas ficaram feridos em confrontos com soldados israelenses na Faixa de Gaza, segundo autoridades palestinas Foto: AFP PHOTO / Thomas COEX
Palestinos e israelenses entram em confronto
Milhares de pessoas protestam contra a transferência da embaixada americana de Tel-Aviv para Jerusalém Foto: EFE/Abed Al Hashlamoun
Palestinos e israelenses entram em confronto
Os soldados israelenses abriram fogo quando os manifestantes se aproximaram da cerca que divide o território Foto: AFP PHOTO / Mohammed ABED
Palestinos e israelenses entram em confronto
Desde domingo, o Exército israelense lançou panfletos em Gaza para advertir os palestinos que participam das manifestações que, ao fazê-lo, se expõem ... Foto: REUTERS/Ibraheem Abu MustafaMais
Palestinos e israelenses entram em confronto
As Forças Armadas israelenses acusaram o movimento Hamas, que controla Gaza, de instigar os palestinos a tentar violar a fronteira de Israel Foto: AFP PHOTO / MAHMUD HAMS
Palestinos e israelenses entram em confronto
Como resposta, a aviação de Israel bombardeou posições do Hamas perto da região de Jabalia. Nenhum soldado ficou ferido, segundo um comunicado do Exér... Foto: AFP PHOTO / Mohammed ABEDMais
Palestinos e israelenses entram em confronto
Mais de 90 palestinos morreram vítimas de tiros israelenses nos protestos registrados na fronteira entre Gaza e Israel desde o dia 30 de março Foto: AFP PHOTO / Thomas COEX
Palestinos e israelenses entram em confronto
O porta-voz da Autoridade Palestina, Yusuf al-Mahmud, acusou Israel de cometer um "horrível massacre" Foto: REUTERS/Ibraheem Abu Mustafa
Palestinos e israelenses entram em confronto
Uma comissão da ONU encarregada de combater o racismo pediu a Israel que "pare imediatamente o uso desproporcional" da força contra manifestantes pale... Foto: REUTERS/Ibraheem Abu MustafaMais
Palestinos e israelenses entram em confronto
Gaza vive um dia de protestos e greve geral, com adesão massiva, em razão da mudança da embaixada americana para Jerusalém. Escolas, universidades, ba... Foto: REUTERS/Ibraheem Abu MustafaMais
A pressão de Trump para as negociações de paz com o líder norte-coreano Kim Jong-un também pode revelar o mesmo tipo de pensamento. Trump deve se encontrar Kim em 12 de junho, um evento que dará a Trump grande cobertura televisiva que ele quer.
Mas um acordo com a Coreia do Norte acabará sendo um assunto complicado. Trump terá de lidar não só com a desnuclearização, mas também com o apoio econômico a Pyongyang, garantias de segurança e outras questões.
Analistas como Paul Musgrave e Dan Nexon acreditam que a comunidade de política externa nos EUA se tornou politicamente polarizada nos últimos anos. Está muito mais difícil criar um consenso sobre qualquer tipo de acordo internacional, o que leva a um risco maior de que as principais decisões sejam revogados por um governo posterior. A abordagem apressada e de curto prazo é arriscada. Se “compre agora, pague depois” realmente for o plano de Trump, o preço final pode ser muito maior do que imaginamos. / TRADUÇÃO DE CLAUDIA BOZZO