Apesar dos gastos, Nova York pode lucrar com fórum

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Por Agencia Estado
Atualização:

Um esquema de policiamento raramente visto nesta cidade foi montado para a reunião do Fórum Econômico Mundial, que pela primeira vez se realiza fora da cidade suíça de Davos. A escolha de Nova York, segundo os dirigentes do Fórum é uma homenagem à cidade e uma forma de manifestar apoio à sua população, depois dos atentados terroristas de 11 de setembro. Os nova-iorquinos, porém, não estão certos de que devam ficar contentes com a homenagem. Com mais de 2.000 participantes - um grupo que inclui políticos, grandes empresários, gurus financeiros e estrelas de vários campos de atividade -, a reunião pode ser lucrativa para a cidade, mas isso é algo que falta conferir. Por enquanto, o certo é que o nova-iorquino está enfrentando um elevado custo de segurança. O policiamento extra deve custar, segundo cálculo não-oficial, mas citado correntemente, cerca de US$ 11 milhões. O policiamento reforçado é visivel na maior parte de Manhattan mas de modo especial na chamada Midtown, onde fica o velho e luxuoxo Hotel Waldorf Astoria, que abrigará a reunião. Na Park Avenue, numa extensão de cerca de dez quarteirões, os pedestres quase têm de disputar espaço com a polícia nas calçadas. Em algumas quadras, ao longo da avenida, era possível contar, nesta quarta-feira à tarde, até 24 ou 25 policiais. O Waldorf Astoria, onde se realizarão as sessões, e o Hotel Intercontinental, seu vizinho, onde estava sendo montada, nesta terça, a sala de imprensa, estavam cercados. Nessa área, além de obstáculos ao tráfego e a veículos havia uma concentração especial de policiais, alguns com armas pesadas de repetição. A lista de figuras públicas participantes do Fórum incluía, nesta quarta, 276 nomes, e podia estar incompleta. Na relação dos chefes de governo apareciam presidentes e primeiros-ministros de todas as regiões, como Alemanha, Finlândia, Polônia, Colômbia, África do Sul, Romênia, Moçambique, Federação Russa, Austrália, Peru, Bélgica, Mongólia e Líbano - e a enumeração poderia ir mais longe. Chefes de instituições internacionais, como a Organização Mundial do Comércio, a Organização Mundial da Saúde, o Fundo Monetário Internacional, o Banco Mundial e a própria ONU, são relacionados ao lado de parlamentares e de funcionários de primeiro escalão. Do Brasil, estão inscritos três ministros - das Relações Exteriores, Celso Lafer, do Desenvolvimento, Sérgio Amaral, e da Agricultura, Marcus Vinicius Pratini de Moraes -, além do presidente do Banco Central, Armínio Fraga. O contraponto ao Fórum Econômico não será feito apenas em Porto Alegre. Em Nova York, organizações não-governamentais estão promovendo eventos paralelos, como a conferência "O Olhar Público sobre Davos", um projeto conjunto de uma dúzia de entidades. "Davos", naturalmente, não é, neste caso, a cidade suíça, mas o "espírito" da globalização promovida, segundo seus críticos, pelo Fórum Econômico Mundial. Essas entidades prometem manifestações pacíficas na vizinhança do Waldorf Astoria. Pelo sim, pelo não, lojas e escritórios de grandes empresas montaram esquemas de segurança para se proteger de um possível quebra-quebra. Embora a reunião só deva ser aberta oficialmente às 17h30 desta quinta, com participação do chefe do governo provisório do Afeganistão, Hamid Karzai, as atividades do Fórum deverão começar de manhã. Entre as atividades programadas para esta quinta há um debate sobre as possibilidades de recuperação da economia mundial neste ano. O ponto de partida é o reconhecimento de uma recessão sincronizada nos Estados Unidos, na Europa, no Japão e em várias economias emergentes. O estado da economia mundial será debatido no entanto, em várias outras sessões nos próximos dias, com participação de acadêmicos, economistas do setor privado e representantes de governo, como o secretário do Tesouro dos EUA, Paul O´Neill.

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