Depois de 6 meses de governo, Trump ainda precisa definir agenda para América Latina

Presidente americano já recebeu quatro líderes latino-americanos desde que chegou ao poder, mas ainda não tem um projeto que possa superar um período marcado por incerteza e desconfiança

PUBLICIDADE

Foto do author Redação
Por Redação
Atualização:

WASHINGTON - Prestes a completar seis meses na Casa Branca, o governo do republicano Donald Trump mantém suspensa uma agenda geral para a América Latina que permita superar um período marcado por incerteza e desconfiança.

Desde que chegou à presidência, no dia 20 de janeiro, Trump recebeu quatro presidentes latino-americanos em seu escritório: o peruano Pedro Pablo Kuczynski, o argentino Mauricio Macri, o colombiano Juan Manuel Santos e o panamenho Juan Carlos Varela.

As conversas que Trump teve com os quatro presidentes latino-americanos que recebeu no primeiro semetrede governo foram marcadas pela cordialidade, mas ele deixou claro quealgumas regras do jogo mudariam Foto: AP Photo/Alex Brandon

PUBLICIDADE

As conversas com os quatro mandatários foram marcadas pela cordialidade, mas ele transmitiu um recado sério: com ele, algumas regras do jogo mudariam, sobretudo no que diz respeito às trocas comerciais.

Durante a reunião com Kuczynski, Trump confirmou que pretende participar Cúpula das Américas, em abril de 2018 no Peru, uma oportunidade para os líderes da região apresentarem suas preocupações. O encontro também dará ao republicano a oportunidade de explicar sua visão geral estratégica para as relações de Washington com toda a região.

México e Cuba

Desde a campanha eleitoral, Trump deixou claro que, em seu entendimento, o intercâmbio comercial com outros países afeta o nível de empregos nos EUA, dando a entender que as relações comerciais serão renovadas.

Nesse cenário, a maioria dos presidentes da região foi cautelosa ao comentar a chegada de Trump à Casa Branca em janeiro. Os mandatários deram declarações em que um pedido se repetia quase sempre: respeito às relações bilaterais.

Publicidade

O México é um dos mais diretamente afetados pela nova agenda. Trump definiu os mexicanos como estupradores, uma retórica claramente sórdida que levou meses para ser deixada de lado e provocou feridas que até hoje não foram curadas.

O vizinho latino surpreendeu a Casa Branca ao aceitar a renegociação de aspectos do Tratado de Livre-Comércio da América do Norte (Nafta). Contudo, o líder americano ainda insiste na ideia de construir um muro na fronteira com o México, uma iniciativa que passou uma mensagem negativa para toda a América Latina.

Trump também deu início a movimentos para desfazer avanços conquistados por seu antecessor Barack Obama no processo de reaproximação com Cuba. Ainda que tenha anunciado manter, pelo menos por enquanto, as relações diplomáticas conquistadas, o presidente ordenou um endurecimento das normas para viagens de americanos à ilha e proibiu que empresas americanas negociem com companhias ligadas às Forças Armadas cubanas.

De acordo com Trump, os EUA não farão mais "concessões" a Cuba e, assim, a esperança do fim do embargo comercial - em vigor há mais de 50 anos - se desfaz.

Venezuela e Colômbia

No caso da Venezuela, Trump ameaçou o governo do presidente Nicolás Maduro com "ações econômicas", caso seja realizada a Assembleia Constituinte.

O caso da Colômbia é mais delicado. Por enquanto, a Casa Branca demonstra disposição de seguir apoiando o programa "Paz Colômbia", que substitui o acordo de cooperação militar e antidrogas "Plano Colômbia", que esteve em vigor durante quase duas décadas.

Publicidade

Entretanto, Trump estremeceu a relação depois de receber secretamente em sua casa de veraneio dois ex-presidentes colombianos, Álvaro Uribe e Andrés Pastrana, opositores declarados do acordo de paz negociado com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc).

Além disso, Bogotá ainda lida com o crescimento explosivo da extensão das plantações de coca no país, dado que preocupa as autoridades americanas.

Para completar, o projeto de orçamento federal enviado pela Casa Branca ao Congresso americano reduz drasticamente os fundos destinados à assistência internacional, uma medida que afeta diretamente diversos planos de cooperação bilateral e regional. / AFP