Após dia calmo em Gaza, Netanyahu desfaz expectativa por fim de incursão terrestre

Premiê  diz que ofensiva no território palestino levará o tempo que for necessário, com a força que for preciso, mesmo com anúncio de que refugiados de Beit Lahiya poderiam voltar para casa

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Por Lourival Sant'Anna
Atualização:

GAZA - O primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, desfez ontem expectativas de que a ofensiva por terra na Faixa de Gaza estivesse perto do fim. “Prometemos aos cidadãos de Israel trazer calma e ordem, e continuaremos a atuar até que esse objetivo seja alcançado”, afirmou ele, em pronunciamento à nação. 

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“Demoraremos o tempo que for necessário, e exerceremos a força que for preciso”, acrescentou o primeiro-ministro. Ainda de acordo com ele, terminada a operação, as forças serão reagrupadas “onde for mais conveniente” para Israel. 

Mais cedo, o vice-chanceler Tzachi Hanegbi havia declarado ao Canal 2 da TV israelense que o país não enviaria representantes para a retomada das negociações de uma trégua com o Hamas, prevista para hoje no Cairo. “Não se pode confiar na palavra deles”, disse o vice-chanceler. “Eles não podem parar, porque um cessar-fogo neste estágio significaria a pior derrota possível.”

Hanegbi ponderou, no entanto: “Acredito que neste ponto as operações terrestres deveriam ser concluídas. O Hamas pode ser atingido tanto quanto for necessário em resposta a disparos, que acho que vão continuar”. Na mesma direção, o porta-voz das Forças Armadas israelenses, o tenente-coronel Peter Lerner, havia afirmado: “Nosso entendimento é o de que nossos objetivos, principalmente a destruição dos túneis, estão perto de serem completados”.

Durante o dia, o Exército israelense havia avisado aos palestinos que fugiram dos bombardeios em Beit Lahiya, cidade de 70 mil habitantes no norte da Faixa de Gaza, que poderiam retornar às suas casas, num aparente sinal de redução das atividades militares. “Os moradores devem ter cuidado com artefatos explosivos que o Hamas espalhou pela região”, advertiu o Exército. Refugiados palestinos abrigados em escolas da ONU, no entanto, disseram ter medo de voltar e ser bombardeados novamente.

As Forças de Defesa Israelenses disseram ter atingido mais de 200 alvos desde o fim da trégua, na manhã de sexta-feira. Os alvos incluíram a Universidade Islâmica, pertencente ao Hamas, onde segundo Israel são desenvolvidos armamentos. Cinco mesquitas que de acordo com os militares escondiam armas também foram bombardeadas, assim como um lançador usado para disparar foguetes contra Tel-Aviv. Israel anunciou que seu escudo interceptou ontem dois foguetes lançados contra as cidades de Tel-Aviv e Bersheva.

Rafah, no sul da Faixa de Gaza, tem sido duramente atingida por tanques desde a emboscada, na manhã de sexta-feira, em que dois militares israelenses foram mortos e um desapareceu, pondo fim a uma trégua que durou uma hora e meia. Desde então, cerca de 150 palestinos foram mortos na cidade. 

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As Brigadas Qassam, braço armado do Hamas, não confirmaram a captura do tenente Hadar Goldin, de 23 anos. “Até agora, não temos ideia sobre o desaparecimento do soldado israelense”, diz um comunicado divulgado ontem. “Não sabemos seu paradeiro nem as condições de seu desaparecimento.” O comando disse ter perdido contato com os combatentes e especulou que talvez o tenente tenha sido capturado e morto junto com os membros da brigada, quando o Exército israelense abriu fogo. 

Autoridades palestinas disseram que o número de mortos chegou a 1.665, a maioria civis. O número de soldados israelenses mortos subiu para 63. Outros três civis – dois israelenses e um tailandês – foram mortos por foguetes vindos de Gaza.

Apesar da ausência de Israel na reunião do Cairo, uma delegação palestina começou a chegar ontem ao Egito para o encontro. O Hamas reivindica o fim do bloqueio imposto pelo Egito na fronteira com Gaza e a libertação de prisioneiros por Israel./ COM REUTERS e AFP

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