Após escândalo, presidente alemão diz que não renuncia

Christian Wulff admite erro ao ligar para tabloide, mas afirma que ato não o fará deixar o cargo

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BERLIM - O presidente da Alemanha, Christian Wulff, disse nesta quarta-feira, 4, que a ligação feita ao editor-chefe do jornal tabloide Bild para reclamar sobre a publicação de uma matéria a respeito de um empréstimo privado obtido por ele foi um sério erro, mas deixou claro que não tem intenção de deixar o cargo.

 

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Wulff era governador da Baixa Saxônia quando tomou o empréstimo em 2008 e afirmou que não violou a lei ao fazer isso. Ele também teria telefonado em outra ocasião ao editor de uma revista para evitar que uma matéria sobre o empréstimo fosse publicada.

 

Wulff, que tem um cargo praticamente cerimonial no país, enfrenta questionamentos sobre um empréstimo de 500 mil euros (US$ 650 mil) que recebeu da esposa de um rico empresário antes de se tornar presidente.

 

Ele já havia pedido desculpas sobre a forma como cuidou do caso. Mas as pressões ficaram mais intensas nesta semana com a revelação de que ele ligou para o editor-chefe do Bild, Kai Diekmann, no mês passado, para reclamar do projeto do tabloide de publicar uma matéria sobre o empréstimo. Diekmann efetivamente publicou a matéria no dia 13 de dezembro do ano passado.

 

Segundo o Bild, Diekmann estava em uma viagem profissional e não conversou com o presidente, que deixou uma mensagem irada na caixa postal do telefone celular do jornalista. Mas Wulff insistiu e telefonou então para Matthias Doepfner, executivo-chefe da empresa que publica o tabloide.

 

Nesta quarta-feira, Wulff disse às emissoras de televisão ARD e ZDF que a ligação telefônica foi "um erro sério" que ele lamenta ter cometido. Mas ao ser questionado se considera renunciar ao cargo, respondeu: "não". Wulff prometeu "reconstruir" sua relação com a mídia alemã, que ficou bastante abalada com o episódio.

 

"Eu não violei nenhuma lei, tanto agora como presidente como antes, quando era governador", afirmou. Além de governador, Wulff foi vice-líder da União Democrata-Cristã (CDU, na sigla em alemão), o partido conservador de Merkel, de centro-direita.

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A oposição alemã disse que a história não chegou ao fim e cobrará mais esclarecimentos ao presidente. "O debate não acabou e ele não esclareceu as dúvidas", disse o deputado Hubertus Heil, do Partido Social-Democrata (SPD, na sigla em alemão), de centro-esquerda.

 

A chanceler Angela Merkel afirmou ter certeza de que Wulff fará uma declaração "complementar" sobre as acusações contra ele, afirmou seu porta-voz adjunto, Georg Streiter, nesta quarta-feira. As informações são da Associated Press e da Dow Jones.

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